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Paradoxo chinês

Vilã da poluição mundial, China é líder em energia limpa

Campeão em emissões de gases tóxicos, o país asiático liderou os investimentos mundiais em energias renováveis em 2015, ano de ouro para esse setor

Especialistas calculam que cerca de 500 mil chineses morram, por ano, em consequência de doenças causadas ou agravadas pela poluição. | Wang Zhao
Especialistas calculam que cerca de 500 mil chineses morram, por ano, em consequência de doenças causadas ou agravadas pela poluição. (Foto: Wang Zhao)

A China vive um paradoxo. Com uma matriz fortemente baseada nos combustíveis fósseis e responsável por jogar toneladas de gases tóxicos à atmosfera todos os anos, o país asiático também lidera os investimentos em energias renováveis. Sozinha, a China investiu em 2015 US$ 102,9 bilhões – um terço do total global de US$ 286 bilhões e quase 17% mais do que valor aplicado em 2014.

Embora os investimentos volumosos em energia limpa façam parte de uma estratégia de mercado – o país pretende lucrar com a exportação de tecnologias verdes–, a mudança urgente na matriz energética é também uma questão de sobrevivência. Se continuar cultivando o modo de produção industrial baseado no uso de carvão e combustíveis fósseis, como fez intensamente desde a década de 1980, a China deve caminhar para um cenário insustentável do ponto de vista da qualidade de vida dos seus habitantes.

Custo do progresso

Terceiro maior país do planeta, atrás apenas da Rússia e do Canadá, ela concentra a maior porção habitacional do globo, com 1,4 bilhão de habitantes. Depois do Japão e Estados Unidos, detém o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB), com o índice de US$ 10,33 trilhões. O posto, entretanto, foi conquistado em menos de quatro décadas, a partir de 1978, quando o Partido Comunista Chinês começou a se abrir ao investimento estrangeiro e baixar os custos da mão de obra. “Até 2010, a economia chinesa cresceu cerca de 10% ao ano, enquanto a média anual de países desenvolvidos ficava em torno de 2%. Para a capital Pequim, a poluição pareceu ser o preço a pagar pela conquista do desenvolvimento”, lembra Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima.

Hoje, a China acumula números que preocupam. Por 80% de sua matriz energética ter sido, por anos, baseada na queima de carvão mineral, o país é o maior emissor de CO2 (dióxido de carbono) do mundo.

Em 2006, ultrapassou os Estados Unidos em termos de emissões absolutas, segundo a Agência de Avaliação Ambiental da Holanda. Naquele ano, de acordo com o estudo, 6,2 bilhões de toneladas do composto tóxico foram emitidos pela nação. Em 2011, dados da Agência Internacional de Energia (AIE), com sede em Paris, apontavam que o índice havia crescido para 31,6 bilhões. Um estudo de pesquisadores da Universidade de Harvard afirmou que o país emite tanto CO2 quanto a União Europeia e os Estados Unidos juntos.

Índices de poluição atmosférica 20 vezes superior aos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) chegaram a ser registrados em Pequim, que, em 2014, também já foi considerada uma cidade “imprópria para a vida”, pelo ranking da Academia de Ciências Sociais de Xangai.

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