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| Foto: JUSTIN TALLIS/AFP

Uma eventual saída do Reino Unido da União Europeia colocaria ambas as partes frente a uma situação sem precedentes e as forçaria a construir um novo relacionamento cheio de incertezas após mais de 40 anos de “casamento”.

O tema será alvo de um referendo no dia 23 de junho, que será votado pelos britânicos. Acompanhe abaixo algumas consequências importantes que podem se seguir a uma eventual decisão pela saída:

Demissão do primeiro-ministro David Cameron

Ainda que Cameron tenha reiterado que permanecerá no cargo, “não duraria nem 30 segundos”, disse Kenneth Clarke, do Partido Conservador. Cameron colocou sua credibilidade em jogo convocando um referendo que fragmentou os conservadores, e depois defendendo a permanência do Reino Unido na União Europeia. Os conservadores teriam que designar um sucessor e o líder vitorioso dos pró-Brexit, Boris Johnson, parece ser o candidato natural.

Reino Desunido?

A chefe do governo regional escocês, Nicola Sturgeon, repetiu em inúmeras ocasiões que a saída da UE os levaria a convocar outro referendo de independência, se os escoceses votassem a favor de permanecer. Mas os escoceses poderiam votar a favor da UE e não estar necessariamente convencidos da independência, segundo pesquisa recente.

A província britânica da Irlanda do Norte, por sua vez, vive um frágil processo de paz. Essa é a única fronteira terrestre britânica com a UE, com a Irlanda, e por isso seria preciso reinstaurar os controles fronteiriços, com o risco de provocar tensões. Bruxelas tem injetado bilhões de euros para apoiar os Acordos de paz de Sexta-Feira Santa, de 1998, que colocaram fim a três décadas de confrontos entre católicos e protestantes. Os nacionalistas, em particular, consideram Bruxelas como um contra-peso ao governo britânico.

Com a UE, um divórcio de resultado incerto

O país começaria complicadas negociações com a UE, que poderia se estender em dois anos no máximo, onde seriam decididas as condições de acesso ao mercado único de Londres. Diversos cenários são possíveis. Por exemplo, um acordo de acesso mútuo aos mercados, mas em que condições? O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Jucker, já advertiu que “o Reino Unido será um terceiro estado que não terá um caminho nivelado”.

Transição econômica difícil, inclusive com uma recessão

O impacto nos mercados do Brexit saltaria à vista imediatamente, com uma queda anunciada da libra e das bolsas. Todos os cenários para os dois anos seguintes contemplados pelas instituições econômicas internacionais são sombrios. Um estudo realizado pelo HSBC prevê uma queda da libra de 15% a 20%, uma inflação de 5% e uma perda de 1% a 1,5% do PIB. Muitos profissionais perderiam a condição do “passaporte europeu” e várias empresas, como JPMorgan e inclusive o gigante britânico HSBC, anunciaram que deslocariam milhares de postos de trabalho para Paris ou Frankfurt.

Endurecimento da política de imigração

A imigração tem sido um dos temas centrais da campanha pró-Brexit, que anunciou a intenção de criar um sistema de pontos para aceitar imigrantes, copiado do australiano. Cada solicitação de permissão de residência e trabalho seria tratada de acordo com as habilidades e qualificações do solicitante. Uma vez firmada a separação da UE e o fim da livre circulação, nada os impediria de implementar esta política.

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