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Normas de segurança influenciam demanda

O mercado em que a Yeling atua tem grande potencial de crescimento no Brasil. Estima-se que apenas 20% da população economicamente ativa use equipamentos de proteção individual, os EPIs. A projeção é que esse número chegue a 35% em 2021.

A demanda está fortemente ligada à atuação do governo e à regulamentação das profissões. Neste ano, por exemplo, o governo editou a Norma Regulamentadora (NR) 36 sobre a segurança no trabalho em frigoríficos e abatedouros, abrindo um enorme mercado para a Yeling.

"O que o governo faz é observar os números de acidente de trabalho por setor. Quando há uma alta muito grande em alguma área, pode ser que esteja faltando algum equipamento, e então o Ministério do Trabalho atualiza as normas desse setor. Esse era o caso dos frigoríficos. O número de membros amputados de empregados nesse setor cresceu e aí surgiu a NR-36", conta Cristina Yeh, uma das administradoras da Yeling.

A cultura de uso de equipamentos de segurança no Brasil, no entanto, ainda é limitada, afirma João Paulo Yeh, que também dirige a empresa: "Pense numa diarista. Quase nenhuma usa luvas durante o trabalho, mesmo tendo contato com produtos de limpeza". Segundo ele, nos Estados Unidos o mercado de equipamentos para braço e mãos tem o mesmo tamanho, enquanto no Brasil os produtos para o braço ainda são bastante restritos.

De acordo com dados da Previdência Social, 75% das ocorrências de acidentes no Brasil ocorrem nos membros – 50% nas mãos e braços e 25% nos pés e pernas. Sobre o futuro, Cristina afirma que "a missão da Yeling é proteger as pessoas". "Nosso foco é ser especialista. Por isso focamos nas luvas. Mas acho que podemos crescer também no mercado para braços", diz.

Quem faz

• Ano de fundação: 1980

• Em que área atua: luvas e equipamentos de proteção individual

• Em que cidade atua: Curitiba

• Quanto fatura: R$ 48 milhões

• Quem são os presidentes: Cristina e João Paulo Yeh

• Quanto espera crescer em 2013: 30%

• Por que é bem feito: Porque investe em tecnologia própria e know-how brasileiro para a fabricação de luvas de maior valor agregado

  • Confecção das luvas Yeling é praticamente toda automatizada. Enquanto máquinas trabalham, funcionários verificam qualidade e se tudo está correndo bem
  • Moldes a partir de onde saem os diferentes tipos de luvas
  • Cristina Yeh e João Paulo Yeh são a segunda geração na direção da Yeling, empresa familiar fabricantes de luvas, destacada na série de reportagens Bem Feito no Paraná, em 2013
  • A Yeling trabalha com um mercado com grande potencial de crescimento. No Brasil, estima-se que apenas 20% da população economicamente ativa use equipamentos de proteção individual, os EPIs

O frio de Curitiba serviu de inspiração a uma empresa que hoje é uma das maiores fabricantes de luvas tricotadas do país.Em 1980, o chinês Yeh Mei Shyan, hoje com 79 anos, percebeu que o clima da cidade era um mercado a ser explorado. Inicialmente, as luvas produzidas pela Yeling – uma junção do seu nome com o da esposa, Ling, 68 anos – tinham o intuito de proteger os consumidores do frio. Mas, em pouco tempo, Yeh percebeu que muitas empresas, em especial industriais, estavam à procura de luvas mais sofisticadas, feitas para garantir a saúde dos funcionários. O empreendedor importou cinco máquinas da Ásia e deu início à história da Yeling no setor de equipamentos de proteção individual, os chamados EPIs.

Com sede no bairro Novo Mundo, em Curitiba, a empresa passou a representar a marca japonesa de máquinas Matsuya. Em 1998, ganhou uma nova sede, de 3 mil metros quadrados. Em 2005, seu parque industrial já contava com 350 máquinas. Dois anos depois, os dois filhos de Yeh começaram juntos um processo de profissionalização da gestão da empresa.

Cristina Yeh, 37 anos, formada na Poli-USP, estava insatisfeita com a carreira profissional em São Paulo, onde trabalhou em grandes corporações, como Unibanco e Whirpool. Juntou sua experiência ao conhecimento técnico do irmão mais novo, João Paulo Yeh, 33, que sempre trabalhou na fábrica dos pais.

O trabalho conjunto da dupla na administração da Yeling parece estar funcionando. Desde 2007, a Yeling cresce em média 29% ao ano, e passou pelos anos de crise – 2008 e 2009 – sem entrar no vermelho. No ano passado, apurou receita líquida de R$ 48,5 milhões, 20% mais que em 2011.

A melhora na gestão passou por um aumento do time administrativo, a chegada de profissionais de São Paulo e a contratação de Ricardo Moreira, um dos principais especialistas em luvas e EPIs do país. A equipe também ganhou um profissional fluente em chinês, que em breve deve ser deslocado para trabalhar no país asiático. "É importante ter alguém lá nos dando suporte. Ficar viajando para lá também nos custa muito tempo", diz João. "A ideia é que esse profissional funcione como intermediário na compra de matéria-prima e máquinas e fique atento às novidades do setor."

Segundo Cristina, o objetivo é crescer na área de luvas de maior valor agregado, em que a empresa que usa tecnologia própria – tem maior vantagem competitiva. "Na área de luvas commoditizadas, não tem como competir com os chineses. Com o preço da matéria-prima e o custo logístico, é impossível."

O risco de espionagem industrial é um dos motivos pelo qual a empresa continuará no Brasil, garantem os irmãos. "Não podemos correr o risco de levar a nossa tecnologia para a China e nos copiarem", diz Cristina.

Luvas Yeling

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