Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Confecção

Cianorte aposta em conforto para vencer concorrência asiática

Empregos nas indústrias de Cianorte estão garantidos, mas setor precisa de estímulos

Não há como falar das regiões Centro Ocidental e Noroeste do Paraná sem pensar em Cianorte e moda – ainda que os municípios vizinhos sejam notadamente agroindustriais e tenha na maior cooperativa da América Latina, a Coamo, de Campo Mourão, sua maior força motriz de desenvolvimento. Conhecida como a "Capital Nacional do Vestuário", a cidade de 75 mil habitantes, há quase três décadas tem sua economia baseada nas indústrias de confecção.

Juntamente com a região de Maringá, Cianorte forma o segundo maior pólo têxtil do país, atrás apenas de São Paulo. Ainda assim não ficou imune à crise pela qual o setor passa por conta da invasão das importações asiáticas, principalmente chinesas, e aposta na qualidade e na boa recepção dos compradores varejistas de todas as regiões do país para vencer as dificuldades.

O pólo formado por quase 50 municípios conta com aproximadamente 450 indústrias, que ultrapassam mais de 600 grifes. A cada cinco cianortenses, três trabalham nas confecções, ou seja: mais da metade da população economicamente ativa tem sua renda proveniente da fabricação e venda de roupas e acessórios.

"A confecção corresponde por mais de 50% da economia local. Além disso, o setor acaba fazendo diferença em outras cidades. Em um raio de 100 quilômetros temos municípios com várias facções atendendo as indústrias de Cianorte", explica o secretário municipal de Indústria e Comércio, Wanderley Fernandes.

Os incentivos cedidos pelo município (como terrenos, terraplanagem, construção de vias e isenção de impostos) conquistaram marcas famosas do país. Além disso, grifes locais ganharam força, como é o caso da Zinco e da Maria Valentina, que fazem parte do Grupo Morena Rosa. A empresa que surgiu a partir de uma parceria entre amigos para fabricar moletons, hoje tem uma estrutura com várias unidades, 1,7 mil funcionários diretos e uma produção mensal que supera a marca de 200 mil peças.

Apostando neste sucesso, muitas empresas do setor estão tentando se instalar na cidade ou ampliar suas atividades. Segundo Fernandes, a prefeitura conta atualmente com 140 indústrias de confecção na lista de espera por terrenos. "Muitas delas são facções de fundo de quintal que buscam deixar a informalidade", conta o secretário, que não tem previsão de quando esta demanda será atendida.

Setor em alerta

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), entre janeiro e outubro de 2011, o setor acumulou queda de 14,86% na produção física em comparação ao mesmo período de 2010, enquanto, entre janeiro e novembro, as importações, principalmente da China, cresceram 40,6% em relação a 2010. "Até pouco tempo não tínhamos este problema, pois os produtos da China não tinham qualidade. Hoje, o nível deles está muito melhor do que o nosso e com um custo quase 50% mais barato", afirma o vice-presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Cianorte (Sinveste), Alberto Nabhan.

Ele diz que, por enquanto, os empregos nas indústrias de Cianorte estão garantidos, mas o setor precisa de estímulos. "O mercado está retraindo e o governo precisa tomar uma atitude para aumentar a competitividade do produto brasileiro ." Atualmente, o pólo da confecção de Cianorte gera 15 mil empregos diretos e aproximadamente 30 mil indiretos.

Qualificação que faz diferença

Apesar do momento ruim, o vice-presidente do Sinveste declarou que Cianorte continua se destacando, com produtos de qualidade e empresários buscando qualificação. "Temos um produto bastante competitivo, um atendimento diferenciado e com suporte hoteleiro e de restaurantes muito bom. Isso tem feito diferença", explicou Nabhan. Para atender clientes de todo país, Cianorte conta com quase 400 lojas espalhadas por seis shoppings atacadistas.

Um destes locais é o Mega Polo Cianorte, estabelecimento que surgiu da união de dois centros de compra da cidade (Cianorte Moda Shopping e o Open Shopping Cianorte) com o Mega Polo Moda de São Paulo (SP). O shopping criado em julho do ano passado está recebendo investimentos de R$ 30 milhões. A expectativa é de que o local (que ainda está em obras) receba 120 empresas, gerando cerca de 6 mil empregos, sendo 2 mil de forma direta.

Segundo o gerente comercial do empreendimento, Fernando Oliveira, a aposta no conforto do consumidor se revelou uma saída para o município enfrentar a concorrência com os produtos chineses e de outros pólos brasileiros. "Cianorte se destaca na questão da pronta entrega e no atendimento. Além disso, a regionalização dos mercados está ficando cada vez maior e muitas pessoas têm optado pela comodidade de comprar em Cianorte". Além da conclusão do shopping, o Mega Polo ainda pretende inaugurar um hotel com 420 leitos. A obra deve ser concluída até a metade deste ano.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.