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As ações de estatais dispararam na BM&FBovespa nesta sexta-feira (18) e impulsionaram o principal índice da Bolsa brasileira, após pesquisa Datafolha ter apontado empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) em um cenário de segundo turno da eleição presidencial de outubro.

O Ibovespa teve ganho de 2,47%, para 56.013 pontos. É a maior valorização diária desde 6 de junho, quando subiu 3,04%, e a mais alta pontuação desde 14 de março do ano passado, quando encerrou aos 57.281 pontos. Na semana, o índice avançou 4,06%. É a terceira alta semanal consecutiva do Ibovespa.

Com 36% das intenções de voto na simulação de primeiro turno, a presidente Dilma manteve a liderança da disputa pelo Palácio do Planalto. Mas, pela primeira vez, o senador Aécio Neves apareceu tecnicamente empatado com ela no teste de segundo turno.

O resultado agradou o mercado, segundo analistas, porque os investidores estão insatisfeitos com a gestão das estatais pelo atual governo, além do intervencionismo público em diversos setores importantes da economia.

A ação preferencial (sem direito a voto) da Petrobras fechou o dia em alta de 4,91%, a R$ 20,52, enquanto o Banco do Brasil subiu 2,65%, para R$ 28,23. Os papéis da Eletrobras também ficaram entre as maiores altas do dia.

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"Com certeza isso gerou preocupação aos líderes do PT [partido de Dilma Rousseff], que diziam que a Copa foi um sucesso e, talvez, não estivessem esperando esse descontentamento com o governo na pesquisa eleitoral pós-Mundial", diz Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Título Corretora.

"Além da má gestão das estatais, a política econômica implementada pelo atual governo não tem dado certo, e ele não reconhece isso. Há dúvida se vamos conseguir entregar o superavit primário projetado, o consumo caiu, a indústria está enfraquecida e muitos empresários estão com receio de investir por não saberem qual é o cenário futuro", completa Cardoso.

Para Rogério Oliveira, especialista em Bolsa da corretora Icap do Brasil, as especulações políticas que têm pautado o ganho do Ibovespa nos últimos meses devem continuar até outubro. "Isso para ambos os lados: se a Dilma cair nas pesquisas, a Bolsa sobe; e se ela subir nas pesquisas, a Bolsa cai. Especialmente as estatais serão as mais afetadas, pois estão diretamente ligadas à política que será adotada pelo governo eleito", afirma.

Desde que começaram a ser divulgadas pesquisas apontando perda de espaço da presidente Dilma na corrida pelo Planalto, em março, o mercado de ações nacional, que caía e acentuava a queda iniciada no ano anterior (de 15,5%), mudou de tendência. Agora, o Ibovespa já acumula ganho de 10,69% em 2014.

Outros papéis

Os papéis da CSN ficaram entre as maiores altas do índice. As ações da siderúrgica chegaram a subir mais de 10% ao longo da sexta-feira, após o conselho de administração da empresa aprovar a abertura de novo programa de recompra de ações, de até 64,2 milhões de papéis, entre 18 de julho e 18 de agosto deste ano.

O avanço de papéis do setor financeiro - segmento com maior representatividade na Bolsa brasileira - também deu força ao Ibovespa. As ações preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco tiveram valorizações de 4,90% e 4,79%, respectivamente, para R$ 35,14 e R$ 35,02.

Em sentido oposto, a operadora Oi ficou entre as maiores perdas do dia. A agência de classificação de risco Moody's colocou as notas de crédito da Oi, incluindo a nota global "Baa3", em revisão para possível rebaixamento. A decisão ocorreu por causa do prejuízo de um investimento feito pela Portugal Telecom, que está em processo de fusão com a Oi, na dívida da Rioforte - empresa do grupo Espírito Santo.

No exterior, os principais mercados fecharam o dia em alta, apesar do clima de cautela em meio aos desdobramentos da crise entre Rússia e Ucrânia, além do agravamento do conflito entre israelenses e palestinos em Gaza.

Câmbio

No mercado de câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 0,27% sobre o real, cotado em R$ 2,235 na venda. Na semana, houve alta de 0,65%. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 1,37% no dia, para R$ 2,228. Na semana, houve valorização de 0,32%.

Operadores citaram o resultado do Datafolha como causa da menor pressão sobre o dólar, que chegou a subir mais de 1% na quinta-feira (17), para seu maior nível em um mês. Além disso, a valorização do real ocorreu em linha com outras moedas internacionais, que subiram fortemente na quinta e, nesta sexta, passaram por ajuste.

O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4 mil contratos de swap (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 198,9 milhões.

A autoridade também promoveu outro leilão para rolar os vencimentos de contratos de swap previstos para 1º de agosto, por US$ 346,1 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 40% dos papéis com prazo para o primeiro dia do mês que vem.

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