As autoridades chinesas estão se empenhando pela internacionalização da State Grid, estatal responsável pelo fornecimento de energia a 88% do território da China. E o Brasil foi um dos mercados escolhidos, por seu tamanho, abundância de recursos naturais, boas relações políticas e comerciais.
Sem fazer alarde, os dirigentes da estatal chinesa inauguraram neste ano um prédio de 17 andares no Centro do Rio, pelo qual pagaram R$ 205 milhões. Em 2010 foi criada a State Grid Brazil Holding (SGBH), que atua na oferta de linhas de transmissão, mas não esconde o desejo de entrar firme na geração (a usina de Belo Monte é um exemplo), na distribuição e na venda de medidores e equipamentos para a produção de energia eólica e solar. A empresa anunciou que vai investir mais de US$ 5 bilhões no Brasil em três anos.
"Tudo nos interessa. As principais empresas do setor elétrico [brasileiro] têm conversado conosco. Temos convidado essas empresas para conhecer nossas instalações. Mas como ainda não temos detalhes do projeto [de transmissão de Belo Monte], não há como definir o parceiro, resumiu o diretor de Investimentos da State Grid Corporation of China (SGCC), Sun Jinping.
A SGBH chegou ao Brasil em 2010 e já é a quinta maior empresa de transmissão do país. Apresenta suas instalações na China a empresários, parlamentares, representantes da mídia brasileira e outros segmentos. Sutilmente, dá a entender que teria a solução para problemas crônicos no país, como o alto custo da energia e os frequentes apagões. Traz como bandeira a parceria, a contratação de mão de obra local e a promessa de uma relação de longo prazo. "Viemos para ficar. Para nós, qualquer projeto é viável", enfatizou o presidente e diretor-executivo da State Grid no Brasil, Hongxian Cai.
