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Mercado financeiro

EUA assumem controle de gigantes da hipoteca

Fannie Mae e Freddie Mac, que garantiram mais de 50% dos créditos imobiliários de alto risco, ou “subprimes”, recebem socorro do governo norte-americano

Sede da Fannie Mae, em Washington: esperança de aumentar a confiança nos créditos. | Karen Bleier/AFP
Sede da Fannie Mae, em Washington: esperança de aumentar a confiança nos créditos. (Foto: Karen Bleier/AFP)

O governo dos Estados Unidos assumiu o controle das companhias de crédito imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac, dando início ao que pode ser o maior resgate financeiro da história. A medida visa abreviar a crise nas hipotecas de alto risco (os chamados empréstimos "subprime") nos Estados Unidos e afastar as chances de maiores turbulências no mercado financeiro mundial. A administração norte-americana acredita que as grandes perdas dessas empresas – que garantiram quase metade das dívidas de US$ 12 trilhões – estariam ameaçando a vitalidade do país, em uma época em que outras fontes de financiamento imobiliário se tornaram escassas.

"Nossa economia e nossos mercados não se recuperarão até que essa correção do mercado de habitação seja realizada", disse o secretário do Tesouro (equivalente ao ministro da Fazenda), Henry Paulson. "A Fannie Mae e a Freddie Mac são cruciais para uma virada na crise dos subprimes". As duas companhias, que têm capital aberto, mas que já funcionavam como semi-estatais (pois serviam a uma missão do governo dos EUA de oferecer habitação), foram colocadas sob tutela do Estado. A medida permite que suas ações continuem a ser negociadas nas bolsas, mas deixa os acionistas privados em último lugar no caso de demandas.

Os executivos-chefes das empresas – Richard Syron, da Freddie Mac, e Daniel Mudd, da Fannie Mae – foram afastados. Nos seus lugares foram nomeados, respectivamente, David Moffett, ex-executivo do US Bancorp, e Herb Allison, que atuava no banco Merrill Lynch.

O Tesouro dos EUA assumirá o controle imediato de US$ 1 bilhão em ações preferenciais de cada empresa, na forma de ações preferenciais. Em contrapartida, se necessário, poderá injetar até US$ 100 bilhões em cada uma das gigantes financeiras. As ações preferenciais que entram no negócio terão um valor maior do que as ações atuais, preferenciais ou comuns, o que dará ao governo uma fatia de 79,9% das companhias.

Um mecanismo sob o qual o setor público comprará títulos de hipotecas atualmente nas mãos da Fannie Mae e da Freddie Mac também foi desenvolvido. Assim, o programa deverá injetar novo capital no mercado de hipotecas. Essa medida será tomada no fim deste mês, e o governo terá autoridade para realizar tais aquisições até 31 de dezembro de 2009.

Crise

Paulson disse que a Fannie Mae e a Freddie Mac são tão grandes que "a falência de uma delas causaria uma crise imensa em nosso mercado financeiro doméstico e nos mercados mundiais". Vários analistas disseram que a iniciativa deverá ajudar a aumentar a confiança nos mercados de crédito e reduzir os custos de hipotecas. "O governo tinha que fazer alguma coisa para eliminar a incerteza", disse Peter Goldman, analista da Front Barnett Associates, de Chicago. "Qualquer coisa que elimine a incerteza nos mercados de crédito é uma boa coisa", acrescentou.

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