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A ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), a advogada Tônia Galleti, contrariou a versão apresentada pelo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, sobre suposta reação da pasta contra denúncias de fraudes nos chamados descontos associativos, que somam R$ 6,3 bilhões de 2019 a 2024, segundo investigações.
Primeiro, a advogada teria alertado pessoalmente o ministro de maneira informal, em janeiro de 2023. Em seguida, como revelam atas do CNPS, Lupi foi informado sobre as irregularidades no INSS em junho de 2023 durante uma reunião do Conselho, mas levou cerca de um ano para tomar providências.
Tonia Galleti apresentou a situação durante reunião na qual Lupi presidia. Em sua defesa, Lupi disse que, além de Galleti, outras pessoas denunciaram casos de fraude, mas era preciso ter “fatos concretos para serem investigados”.
Lupi sustenta que a prova de que não foi omisso sobre as denúncias é a demissão do diretor de Benefícios, André Fidelis. “A diretoria responsável pela área começou a apurar o caso. O tempo foi passando, e o diretor (Fidelis) não apresentava nenhum relatório. Até julho de 2024, nada tinha andado, e eu demiti ele. Coloquei o Vanderlei (Barbosa), e em três meses ele apresentou, mostrando erros e falhas que existiam, mas vinham de uma herança”, afirmou o ministro.
Segundo a advogada, Lupi reconheceu a relevância do tema e disse que a denúncia exigia ampla apuração. Em seguida, teria indicado que o tema seria pautado no próximo encontro do conselho, o que não ocorreu.
Os documentos sobre a denúncia da advogada e a reunião com o ministro foram revelados pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
“Não levaram para o conselho, não debateram o tema, não criaram, por exemplo, um grupo de trabalho com mais pessoas envolvidas. Acabou ficando uma situação bastante constrangedora porque parece que ninguém sabia e não é verdade. Todo mundo estava vendo o problema”, disse Galleti ao jornal O Globo, nesta segunda-feira (28).
Segundo a versão de Lupi sobre o caso, a então conselheira não voltou a levar o tema ao CNPS, por isso, a denúncia teria ficado de fora das reuniões seguintes. Galleti contestou essa versão.
Para a advogada, ficou “evidente” que queriam evitar a discussão do tema no CNPS
“Normalmente, os pedidos de pauta são observados. Quando o conselheiro pede, pode não ser naquele momento, mas é pautado. E não foi, mesmo eu conversando internamente depois, eu não consegui pautar no conselho”, afirmou Galleti.
A advogada é representante do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), uma das 11 entidades investigadas pela fraude bilionária no INSS. O Sindnapi é presidido pelo sindicalista José Ferreira da Silva, conhecido como “Frei Chico”, que é irmão do presidente Lula (PT).
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