O baixo crescimento da economia - 1,1% no ano passado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - está afetando a folha salarial dos executivos. Uma pesquisa feita pela Page Executive, uma das principais recrutadoras para cargos de executivo no Brasil, mostra que a remuneração fixa teve um ligeiro aumento de 0,5% em 2018, comparativamente ao ano anterior. Os “mimos” também estão sendo cortados.
Um dos benefícios que está sendo restrigido é o plano de saúde com direito à escolha do local do tratamento. Em 2017, 95% das empresas ofereciam esse benefício a seus executivos. No ano passado, esse percentual caiu para 74%. O mesmo aconteceu com o automóvel para uso pessoal: de 70%, em 2017, passou para 50% no ano passado.
“As empresas estão reduzindo custos”, diz Humberto Wahrhaftig, diretor regional da Page Executive. Mas, ao mesmo tempo, elas estão conseguindo minimizar esse impacto para o alto escalão.
Uma estratégia para isso foi o aumento nas gratificações, como bônus e incentivos de longo prazo para os executivos. Com isso, a remuneração média anual acabou tendo uma alta de 5,7%. “É uma forma de trazer o profissional para a variabilidade dos negócios”, diz o especialista.
Por outro lado, Wahraftig diz que este aumento nos bônus e incentivos de longo prazo pode ser encarado como uma sinalização de que as empresas estão satisfeitas e confiam em suas equipes.
As empresas também estão apostando mais em bônus de retenção. Com eles, a empresa garante “x” salários a mais para o executivo condicionado à permanência por um período determinado de tempo. O pagamento é feito em etapas ou ao final do período.
Tendência mantida para executivo
A tendência é de que esse cenário continue ao longo do ano, devido ao desaquecimento da atividade econômica. Dados do IBGE mostram que, no primeiro trimestre, a produção industrial encolheu 2,2% em relação aos mesmos meses de 2018 e o volume de vendas no comércio se expandiu 0,3%. O melhor cenário é no segmento de serviços, que teve uma expansão de 2,9% no período.
A Page Executive estima que em 2019 deve haver um crescimento de 6% na remuneração média anual dos executivos.
“A promessa de uma boa remuneração variável vai possibilitar que o executivo se dedique mais.”
Humberto Wahrhaftig, diretor regional da Page Executive
Os programas mais agressivos devem estar vinculados a cargos como presidência e diretoria financeira. E áreas como a operacional e de tecnologia devem ter mecanismos menos agressivos em relação à remuneração variável.
Mas não é só essa estratégia que as empresas estão adotando para tentar conter os custos com seus executivos. Wahrhaftig destaca que, com a flexibilização das leis trabalhistas, há muitas companhias recrutando profissionais como pessoas jurídicas.
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