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Propinas

Exportadores brasileiros estão entre os mais corruptos do mundo

Ranking da Transparência Internacional põe Brasil no fim da lista das boas práticas do comércio internacional

O jeito de fazer negócios de alguns exportadores brasileiros colocou o país em uma das últimas colocações em ranking sobre pagamento de proprinas, produzido pela organização não-governamental alemã Transparência Internacional (TI). Entre 30 países pesquisados, o Brasil aparece em 23º lugar. Isso quer dizer que o Brasil está entre os mais propensos a usar o pagamento de suborno para agilizar negócios no exterior.

Para fazer as pesquisas, a TI distribuiu 11 mil questionários em todo o mundo. As 30 nações pesquisadas, que concentram 82% do comércio exterior mundial, foram divididos em quatro grupos. O Brasil ficou no grupo três, numa classificada como performance "pobre".

Ao lado do Brasil estão Hong Kong, Israel, Itália, Coréia do Sul, Arábia Saudita, África do Sul e Malásia. Entre os grandes países em desenvolvimento com os quais é normalmente é comparado, o Brasil está na melhor posição do ranking. Rússia, China e Índia aparecem justamente nos três últimos lugares do levantamento.

Padrão duplo

Entretanto, não se pode dizer que os países desenvolvidos façam negócios limpos. Pelo contrário: segundo a diretora da TI para as Américas, Silke Pfeiffer, as grandes economias acabam por incentivar o ciclo de corrupção nos países em desenvolvimento. Entre os questionários distribuídos na África, ficou claro que pagar propina é uma prática comum para empresários franceses e italianos que atuam no continente. A Itália é historicamente vista como o País mais corrupto da Europa Ocidental, enquanto as práticas ilegais vêm crescendo na França.

"Não há vencedores neste ano, até porque mesmo os primeiros colocados têm notas relativamente baixas. Suíça e Suécia sempre aparecem muito bem no índice de corrupção doméstica. O que esta pesquisa mostra é que há um padrão duplo: seriedade no mercado doméstico e incentivo à corrupção no exterior", diz Silke.

Segundo ela, a maioria dos países que ratificou a convenção da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD) ainda não aplica a legislação de transparência nos negócios internacionais. "Na Grã-Bretanha, não houve sequer um processo por corrupção contra empresas que atuam fora do País", exemplifica a diretora da Transparência Internacional. "Instituições internacionais como o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio (OMC) poderiam fazer os países cumprirem as regras."

América Latina

O único outro País latino-americano que aparece no ranking é o México, que está na 17ª posição. O México também ficou melhor colocado no "estudo irmão" do Fórum Econômico Mundial, o índice de competitividade dos países, que colocou o Brasil em 66º lugar e os mexicanos em 58º.

Entretanto, como as exportações do México são concentradas nos Estados Unidos, nação com uma considerável estabilidade institutucional, a boa colocação mexicana também pode estar relacionada ao mercado que o País atua. O Brasil tem atuação mais pulverizada, atuando em mercados menos corruptos (como a Europa e os EUA), mas também em outros onde o pagamento de propina é prática comum (como Rússia, Índia e China).

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