São Paulo (AE) Procuram-se 60 mil profissionais bons de matemática, que gostem de computadores e realmente saibam falar inglês. Se o Brasil conseguir achar essa mão-de-obra que está em falta, pode se tornar um grande centro de exportação de software e serviços, seguindo os passos da Índia. A exportação desse setor pode saltar dos atuais US$ 300 milhões para US$ 5 bilhões em 2010.
Mas, por enquanto, está difícil. A falta de profissionais qualificados está emperrando o crescimento do setor de exportação de tecnologia no Brasil. Quem não sabe inglês corre o risco até de não entender no que está trabalhando, já que o setor chama terceirização de outsourcing e exportação de serviços de offshoring.
A Politec, que fatura R$ 500 milhões e foi citada como uma das empresas emergentes pela revista Business Week, está com 100 vagas não preenchidas porque não acha candidatos qualificados. "Nosso maior empecilho estratégico no Brasil é arrumar gente", diz Flávio Marques, diretor-executivo da Politec. Formar uma equipe para atender aos clientes no exterior é dificílimo. A equipe AMC da Politec presta serviços de sustentação de sistema (toda manutenção e melhorias do sistema de informática) para uma empresa de tecnologia dos Estados Unidos, que fatura US$ 18 bilhões e tem 160 mil funcionários. Os oito funcionários brasileiros substituíram 20 americanos e custam 35% menos.
São profissionais como o coordenador de projetos Frank Chu Yiu Kwong, de 27 anos, que estudou computação e administração e fala inglês e cantonês, e o analista de sistemas Gianfranco Rossi, de 26 anos, que domina inglês, italiano, espanhol e francês. O expediente da equipe foi mudado para se adaptar melhor ao fuso horário dos EUA vai das 9h30 às 18h30 (o resto da empresa trabalha das 8h30 às 17h30). Sempre alguém fica com o pager 24 horas.
Todos os oito funcionários só podem falar inglês entre si, o dia inteiro. "All communication must be done in English beyond this point", lê-se nas placas afixadas na entrada da área onde trabalham. Ou seja, "a partir daqui, toda comunicação deve ser em inglês".
Quem deixa escapar alguma frase ou e-mail em português, leva multa de R$ 0,50. As multas são depositadas dentro de uma caixa de papelão e servem para bancar os happy-hours da equipe. "Que são em português", esclarece o gerente Alair Ribeiro.



