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Investimentos

Febre das ações atinge aposentadorias

Para atender os interesses dos investidores, empresas lançam planos de previdência privada com maior parcela de investimentos em renda variável

A queda nas taxas de juros e o crescente interesse do brasileiro pelas aplicações em bolsas de valores estão mudando o perfil dos planos de previdência privada. Para acompanhar a demanda dos investidores e também garantir a possibilidade de rendimentos maiores - diante da redução dos ganhos da renda fixa - as seguradoras estão oferecendo novos fundos com maior percentual de investimento em ações.

- Com os juros altos, todos os investidores institucionais, as seguradoras, os fundos de pensão faziam a administração das reservas sentados no conforto do IGP-M mais 6%, IGP-M mais 10%. Não era preciso entrar em capital de risco. Com os juros baixos, os investidores mudaram de postura. A administração dos fundos de previdência ficou mais sofisticada e, agora, as empresas precisam ir à luta para garantir a rentabilidade - diz Nilton Molina, presidente do conselho de administração da Mongeral Vida e Previdência.

A atração dos investidores pelas ações é impulsionada pela liderança que o mercado de ações vem mantendo nos ranking dos investimentos nos últimos anos. Em 2007, mesmo com a crise do crédito americano e as perdas da última semana, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de São Paulo, acumula alta de mais de 35%. Também neste ano o número de Oferta Incial de Ações ( IPO na sigla em inglês) bateu recorde e o total de investidores individuais registrados na Bovespa, os chamados home brokers, mais que dobrou, chegando a 173.502 pessoas.

- Com as altas da Bolsa de Valores nós observamos mudança no interesse dos clientes e aproveitamos esse movimento. Em agosto, o BB criou um novo portfólio de previdência, seguindo um conceito que só existia nos Estados Unidos. As aplicações vão para renda fixa ou variável, de acordo com tempo do investimento. É o próprio administrador quem faz esse direcionamento. Há também outros fundos de renda variável, vinculados a empresas que pagam bons dividendos - diz Ricardo Flores, diretor de Seguridade do Banco do Brasil.

Na Caixa Seguros não é diferente e, hoje, em 60% dos clientes de previdência já querem ter alguma parcela de renda variável em seus planos.

- Hoje a inflação já é uma página virada e a discussão é de juros reais. Os clientes estão vendo que a renda fixa tem uma rentabilidade líquida muito menor do tinha no passado, vêem novos IPOs a toda hora e demonstram interesse cada vez maior em ter uma parte dos recursos em ações. Por isso lançamos este ano um fundo que vai ao máximo que a lei permite e destina até 49% dos recursos para ações. Antes não tínhamos muita demanda para esses ativos e nosso produto oferecia no máximo 30% de renda variável - conta Juvêncio Braga, diretor da Caixa Seguros e Previdência.

Nesta quinta-feira, a Real Tokio Marine Vida e Previdência também anunciou o lançamento de dois planos voltados para o público com maior apetite para o mercado de ações. Diferentes pelo valor mínimo exigido para aplicação (R$ 50 ou R$ 100 mil) os dois destinam 51% dos recursos para renda fixa e até 49% para renda variável, numa cesta que combina investimentos em juros, índices de preços, câmbio e ações.

- Estudamos as necessidades de nossos clientes para criar produtos que atendam às expectativas deles e que combinem com o perfil diferenciado de cada um - diz Edson Franco, presidente da empresa.

Pela legislação, as empresas de previdência podem aplicar até 49% dos recursos depositado pelos clientes para renda variável e destinar os outros 51% para renda fixa. A escolha do percentual destinado a ações é do cliente que, a qualquer tempo, também pode migrar de um fundo para outro, mais agressivo ou conservador, da mesma seguradora ou de empresas diferentes. Como a empresa não está obrigada a garantir rentabilidade mínima, o cliente faz a escolha e assume o grau de risco que está disposto a correr.

- Pode ser que no futuro haja uma demanda para aumentar este limite de 49% que, num momento de alta das ações, tende até a ser criticado. Mas ele é uma segurança para o participante, porque destinar 100% para ações na hora em que a Bolsa cai é complicado - explica Marcos Peres, Coordenador da Área de Vida e Previdência da Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão responsável pela regulação e fiscalização do setor.

A Susep exige que as empresas forneçam aos clientes o máximo de informação sobre os produtos que estão comprando e o risco embutido no investimento em ações. Já a escolha das ações em que serão feitos os investimentos ficará a critério das empresas.

- Não há por parte da Susep uma imposição quanto ao tipo de ações em que as seguradoras podem investir, nem que sejam papéis listados na Bovespa. Isso quem define é o administrador e as regras devem constar dos regulamentos dos fundos. Cabe ao cliente ler e decidir se quer aquele fundo, se prefere um plano mais conservador ou mais arriscado. Mas ele não tem ingerência sobre a escolha dos papéis. É diferente da operação em home broker em que você escolhe as ações - explica o executivo da Susep.

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