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Preocupação com o atual cenário econômico mundial fez os Estados Unidos darem um passo atrás da decisão de reajustar os juros. | KB/rix/sa/fsp/rc/KAREN BLEIER
Preocupação com o atual cenário econômico mundial fez os Estados Unidos darem um passo atrás da decisão de reajustar os juros.| Foto: KB/rix/sa/fsp/rc/KAREN BLEIER

O Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, deixou inalterada a taxa de juros nesta quinta-feira (17), em um sinal às preocupações sobre a fraqueza da economia global, mas deixou a porta aberta para a possibilidade de um modesto aperto da política monetária ainda neste ano.

Em um recuo tático, o Fed informou que uma variedade de riscos globais e outros fatores convenceram a adiar o que seria o primeiro aumento de juros em quase uma década. A votação foi um sinal de como a desaceleração econômica da China e a queda do mercado deixaram as autoridades do Fed nervosas sobre a economia mundial. Apenas o presidente do Fed de Richmond, Jeffrey Lacker, foi contrário à decisão.

Entenda como a taxa de juros dos Estados Unidos afeta o Brasil

A possível alta dos juros nos EUA geraria uma fuga de capitais dos mercados emergentes, não apenas do Brasil. Isso porque a elevação da taxa básica norte-americana aumenta a atratividade dos títulos do governo dos Estados Unidos, que são de baixíssimo risco, provocando uma saída de dólares do país para investimento lá. Mas não seria uma migração total.

O Brasil, por exemplo, paga juros muito alto e isso mantém o capital especulativo. Apesar disso, com a menor oferta de dólares aqui o real tenderia a se desvalorizar. Consequentemente, a alta da moeda americana refletiria na inflação, uma vez que os custos de importação e de uma série itens da cadeia produtiva serão elevados.

A forte alta do dólar que tem sido observada é uma resposta do mercado financeiro à crise política e econômica brasileira. Ou seja, tem uma origem doméstica. O rebaixamento do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), que retirou o grau de investimento – um tipo de selo de bom pagador – do país complicou ainda mais o cenário no Brasil.

Entretanto, o banco central manteve seu viés na direção de alta dos juros ainda neste ano, enquanto reduziu sua perspectiva de longo prazo para a economia. Novas projeções mostraram que 13 das 17 autoridades do Fed ainda preveem alta dos juros ao menos uma vez em 2015, contra 15 na reunião de junho. Quatro autoridades acreditam agora que os juros não devem ser elevados até ao menos 2016, contra dois que viam isso em junho.

O Fed realizará reuniões de política monetária em outubro e dezembro.

Dólar valorizado

A volatilidade do mercado internacional e a valorização do dólar frente a outras moedas reforçam preocupações quanto ao efeito de uma elevação nos juros. Isso porque a taxa mais alta nos EUA poderia gerar um êxodo de investimentos alocados em outros países -em especial os emergentes- para o mercado americano.

O movimento de recuperação econômica dos EUA se mantém ascendente há um ano, de forma lenta e gradual, mas aquém do que economistas consideram ideal para a retirada do estímulo monetário.

A última elevação de juros pelos EUA se deu em junho de 2006, quando a inflação estava em 4%. Hoje, a 0,2% nos últimos 12 meses, o indicador continua longe da meta do Fed, de 2%.

O desemprego está em 5,1%, a menor taxa mensal desde abril de 2008 e próximo do considerado pleno emprego (5%), mas ainda abaixo da taxa registrada em junho de 2006, 4,6%.

Esses são os dois principais medidores econômicos usados pelo Fed. Mas há outros sinais de que o crescimento não atingiu velocidade de cruzeiro.

O PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre de 2015 foi estimado em 0,6% positivo. No segundo trimestre, a taxa ganhou fôlego, registrando crescimento de 3,7%. A média anual projetada para a expansão da atividade econômica americana em 2015 está na casa de 2%.

A trajetória projetada do Fed para a taxa de juros mudou para baixo, com a de longo prazo agora estimada em 3,5%, ante 3,75% na última reunião.

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