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Mobilidade

Feliz aniversário, Bluetooth!

A tecnologia, cujo nome vem de um rei dinamarquês do século X, completa 10 anos com o desafio de crescer ainda mais

Monumento erigido pelo rei Blatand, que equivale à certidão de nascimento do Reino da Dinamarca | Danmarks Nationalmuseet
Monumento erigido pelo rei Blatand, que equivale à certidão de nascimento do Reino da Dinamarca (Foto: Danmarks Nationalmuseet)
Fone de ouvido Bluetooth: 1 bilhão de aparelhos produzidos em dez anos |

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Fone de ouvido Bluetooth: 1 bilhão de aparelhos produzidos em dez anos

Pouco se sabe sobre Harald Blatand, o rei dinamarquês do século X (filho de Gorm e pai de "Barba-de-garfo"), exceto que ele conseguiu unir diversas facções que guerreavam entre si na Suécia, Noruega e Dinamarca, criando assim uma comunidade cristã. Ele provavelmente nem seria conhecido no resto do mundo se os ingleses que viram o que o viking Blatand fez não tivessem criado uma metáfora para o que eles próprios estavam tentando fazer: a tarefa praticamente impossível de persuadir grupos industriais historicamente não-cooperativos a adotarem um padrão comum para a tecnologia wireless (sem-fio) de curto alcance – Blatand, ou Bluetooth, como foi traduzido para o inglês.

Embora não vejamos festas nas ruas, o evento completa 10 anos este mês e merece ser celebrado. O Bluetooth, cujo alcance é de 10 metros, além de estar hoje presente em vários produtos, desde fones de ouvido e impressoras sem-fio até contadores de passos para corredores de fim-de-semana, possui uma história um tanto curiosa, repleta de lições sobre estratégia industrial.

Apesar de a tecnologia estar sendo controlada a partir dos EUA, a iniciativa foi totalmente européia – palmas para a sueca Ericsson – e estabeleceu um padrão global ao invés de deixar que uma verdadeira guerra entre empresas concorrentes estabelecesse uma de suas marcas como o padrão. O Bluetooth se baseou no conceito do GSM (Sistema Global para Comunicações Móveis, em inglês), que estabeleceu um padrão para celulares para a Europa, para os EUA e todo o mundo.

Esta também é a razão pela qual a Europa está na frente dos EUA no que se refere à tecnologia para celulares. Não é coincidência que o velho continente possua as empresas mais bem sucedidas no desenvolvimento da tecnologia Bluetooth, tais como a Cambridge Consultants e sua filial, Cambridge Silicon Radio (CSR). Com o aumento da competitividade global, aumentou também a atenção a fatores aparentemente mundanos como os padrões globais que, apesar de raramente fazerem notícia, podem ter um forte impacto na distribuição do crescimento econômico.

A tecnologia Bluetooth, item atualmente presente em mais de 75% dos telefones celulares, deve crescer ainda mais quando seu alcance chegar a 100 metros, seu consumo energético for mais baixo e outros novos aplicativos, como o posicionamento via satélite para carros, ganharem maior popularidade. Muitas pessoas não gostam muito de usar fones de ouvido Bluetooth por eles ainda serem incômodos e de difícil manuseio. Todavia, esses fones fazem sucesso entre os motoristas de alguns países onde a lei restringe o uso do celular, mas não o do fone, no volante.

Muitos usuários ainda não sabem que o Bluetooth também pode ser utilizado para enviar fotos diretamente para um laptop ou outro telefone celular. Ele também pode ser utilizado como um modem para acessar a web através de um laptop ou transferir dados para qualquer pessoa dentro de uma sala ou até mesmo na rua.

Uma das inúmeras aplicações disponíveis no Evento do Guia de Presentes Bluetooth, realizado em Londres, foi o relógio da Sony Ericsson que se conecta ao telefone celular do usuário, normalmente localizado em um dos bolsos da calça ou bolsa, de modo que este usuário possa verificar se recebeu ligações ou mensagens sem necessariamente utilizar o celular. Esta foi a única maneira que a indústria relojoeira encontrou para lutar contra a onipresença dos celulares e a idéia cada vez mais difundida de que o aparelho exime o uso do relógio.

A lista de produtos Bluetooth – desde teclados sem fio até a impressora instantânea para celulares PoGo, da Polaroid – cresce a cada dia que passa. Esta tecnologia também vem revolucionando a indústria de games com aplicativos para o Wii e o PS3. Estimativas apontam que mais de um bilhão de aparelhos com Bluetooth já foram produzidos e o número deve dobrar até 2011. O sucesso dessa tecnologia está só começando e alguns de seus usos mais populares provavelmente ainda são impossíveis de imaginar.

É também interessante notar que o Bluetooth não possui um nome muito atraente. Talvez a tecnologia devesse se chamar Blueberry (uma frutinha azulada que no Brasil é chamada de mirtilo), ainda em homenagem ao rei Blatand, que sabidamente ficou com os dentes azuis devido ao consumo exagerado das frutas. Será que já é muito tarde para mudar o nome?

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Tradução: Thiago Ferreira

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