O tempo passou, o tempo voou e, após 14 anos, os acionistas minoritários do Bamerindus vão receber de volta parte do investimento que fizeram antes da intervenção do Banco Central (BC) e posterior liquidação do banco. Em assembleia realizada na noite de ontem, em Curitiba, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) formalizou uma oferta privada para a compra dos 7,5 milhões de ações em posse dos sócios minoritários filiados à Associação dos Acionistas Minoritários do Grupo Bamerindus (Abimgb) uma negociação que pode chegar a R$ 50 milhões.
A reunião contou com a presença de aproximadamente 200 dos 1,3 mil acionistas filiados à entidade. Amanhã, o FGC deve publicar um edital com uma oferta pública para compra do restante das ações em mãos de aproximadamente 52 mil acionistas minoritários, que não são ligados à Abimgb. Para receber a quantia, os acionistas deverão enviar ao FGC o contrato, assinado, de "assunção recíproca de obrigações". "Com isso, o dinheiro referente às ações será liberado em um prazo de até 30 dias", garante o diretor-executivo do FGC, Carlos Henrique de Paula.
Pelo acordo, o valor a ser pago é de R$ 7,74 para cada ação do Banco Bamerindus do Brasil e R$ 5,52 por ação da Bamerindus Participações e Empreendimentos (BPE), holding controladora do grupo. Isso representa 40% do valor de face das ações no dia anterior à intervenção do BC. Inicialmente os minoritários pretendiam receber R$ 12,90 por ação. "Pode não ser o acordo que todos nós queríamos, mas é um acordo que torna possível o encerramento deste litígio", avalia o advogado James Marins, representante da Abimgb.
O encerramento da liquidação também envolve o pagamento dos credores preferenciais e quirografários da massa falida do banco que começaram a ser pagos no início da última semana. Os ex-controladores do Bamerindus, que estão com os bens bloqueados desde 1997, também deverão reaver parte do capital nos mesmos moldes do acordo proposto aos minoritários. Isso, no entanto, deve ocorrer em uma segunda etapa.
