Quando se trata de educação financeira, quanto mais cedo começar a ensinar as crianças, melhor. Quem aprende a organizar o dinheiro ainda jovem tem uma probabilidade muito menor de cair em dívidas e se perder no planejamento financeiro quando adulto.
Com a ajuda dos consultores Celina Macedo e Erasmo Vieira e do planejador financeiro Emerson Wan, a Gazeta do Povo montou um guia prático de finanças para crianças, com ações simples para se aplicar em casa. Os especialistas afirmam que cada família pode adaptar as medidas para a sua realidade, desde que alguns pontos importantes sejam sempre observados.
Cada idade tem uma percepção sobre o dinheiro e os pais devem ter cuidado com isso na hora de dar noções sobre valores, economia e investimento.
As medidas propostas devem envolver a família e incentivar a cooperação para que a criança não se sinta sozinha. Também é importante que cada ação seja muito lúdica, com cores e desenhos vivos. Use todos os recursos possíveis para chamar a atenção dos pequenos e fazer com que eles se divirtam e então aprendam.
Mostre o valor do dinheiro
Crianças muito novas têm dificuldade em entender quanto uma certa quantia em dinheiro vale. Para isso, os pais podem escolher um símbolo e desenhar numa tabela a quantidade que equivale ao valor em reais. Por exemplo: se a criança ganha R$ 10, desenhe 10 estrelas numa cartolina, para ela mensurar o quanto aquela quantia vale.
Analise gastos
Quanto antes ela entender que gastar menos do que se ganha é saudável para o bolso, melhor. Ensine seu filho a analisar os gastos, fazendo a contabilidade em um caderno ou através de gráficos que representem, mês a mês, a quantidade de dinheiro que ele ganhou e quanto gastou.
Trace metas
Para que a criança desenvolva o valor da conquista, ajude ela a criar metas e percorrer o caminho até elas. Desenhe um termômetro que vá da etapa atual até o sonho conquistado e divida ele em 10 partes. Cada parte é uma quantia em dinheiro que a criança deve economizar. Os pais podem, além de incentivar a progressão do sonho, colaborar dando uma porcentagem para a criança, em cima dos valores que ela conseguir juntar. Isso também ajuda ela a ter noções de investimento e retorno.
Converse sempre
Fale sobre dinheiro em casa. Se seus filhos entenderem o quanto você recebe, o que tem que pagar e o quanto sobra no final das contas, vai ser mais fácil negociar as compras que eles quiserem fazer. Além disso, eles percebem que os próprios gastos influenciam no momento de comprar um carro, apartamento e até para ter aquele bichinho de estimação que eles tanto pedem.
Dê o exemplo
Lembre-se que as crianças aprendem pelo exemplo. Se ela ver que você também organiza suas finanças, vai entender a importância de fazer isso. Trabalhe em esforço conjunto, com a família toda organizada para conquistar um objetivo comum – uma viagem ou o corte de gastos, por exemplo. Deixe ele no controle de despesas fáceis de serem medidas, como os gastos com telefone, luz elétrica e deliverys. Com o dinheiro economizado, dê um prêmio para a criança. Pode ser uma parte da economia, para ela gastar na viagem.
Poupe e invista
Ajude ela a organizar os objetivos para usar o dinheiro. Crie três potes e identifique a função de cada um. O pote da diversão tem o dinheiro para o lazer do dia a dia. O pote dos sonhos é usado para economizar a quantia necessária para comprar algo mais caro e que a criança queira muito. O terceiro pote, o do investimento, guarda o dinheiro que ela vai usar no futuro, na hora de fazer um curso que ela queira ou uma atividade de maior valor.
Aprofunde
Quando a criança já sabe economizar, ela pode aprender a fazer isso com consistência. Faça um jogo: desafie ela a poupar uma porcentagem (combinada com a criança) do que ganha todo mês. Para essa atividade, trabalhe com a quantia do pote do investimento. Se ela conseguir fazer isso por 12 meses, dê um bônus. Se ela não conseguir, não ganha nada. Essa ação mostrar para a criança que, para enriquecer a longo prazo, é importante investir uma parte dos ganhos.
Preste contas
Ensine a fazer prestação de contas. Separe 12 envelopes, um para cada mês e um envelope maior para guardar os 12. A criança vai fazer uma lista do que ganhou, cada coisa com que gastou, o quanto investiu e vai anotar também o objetivo de cada ação. Nos envelopes, ela vai guardar as anotações dos gastos, junto com os recibos. No final de cada mês, discuta a lista com ela, analisem qual dinheiro foi mal gasto, qual trouxe alegria. É uma forma de ela entender que, se quiser mais dinheiro, pode administrar melhor as finanças.