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Fundo cambial é aposta arriscada para 2016 mesmo com dólar alto

Apesar da disparada da moeda americana em 2015, previsão de menor volatilidade faz com que aplicação não seja recomendada no momento por especialistas

Investidor fica à mercê de variáveis externas e internas que influenciam o preço do dólar e do euro | Bertrand Langlois/AFP
Investidor fica à mercê de variáveis externas e internas que influenciam o preço do dólar e do euro (Foto: Bertrand Langlois/AFP)

A disparada do dólar e o enfraquecimento da economia brasileira fizeram com que o fundo cambial fosse uma das aplicações mais atraentes do ano passado. Com valorização anual de 48,63%, a moeda americana atraiu R$ 8,5 bilhões em aplicações e teve captação líquida de R$ 1,4 bi em 2015, revelando ser uma saída bastante rentável para investir seu dinheiro. Mas esse desempenho não deve se repetir em 2016, oque exige alguns cuidados.

INFOGRÁFICO: acompanhe a valorização do dólar ao longo do ano passado

Como o fundo está atrelado à cotação estrangeira, o investidor fica à mercê de variáveis externas e internas que influenciam o preço do dólar e do euro. Se o ano passado foi marcado pela volatilidade dessas moedas, o cenário deve ser mais tranquilo nos próximos meses, como explica o coordenador da pós-graduação e do MBA em Finanças e Mercado de Capitais da FAE, André Hayashi. Para ele, o pior já passou e, sem uma previsão de mais disparadas, pode ser arriscado apostar no fundo cambial agora.

“O dólar já subiu o que tinha que subir e quem investir nele agora corre o risco de perder dinheiro”, explica o economista, ressaltando a possibilidade de uma queda. Por isso, ele recomenda a aplicação no câmbio somente para empresas com dívidas em moeda estrangeira ou para quem vai viajar ao exterior, já que o fundo pode ser usado como uma forma de proteção. “Na verdade, apostar no fundo cambial é torcer contra o Brasil”, brinca.

Isso faz com que outras aplicações se tornem mais interessantes neste momento. Para o especialista em finanças e professor da Universidade Positivo, André Paes, uma alternativa bem mais segura é a aplicação em títulos internos. “Em função da taxa de juros, o ideal é investir aqui dentro, como no Tesouro Direto”, sugere. Como complementa Hayashi, não faz sentido correr o risco de uma queda no dólar quando títulos indexados à taxa Selic têm rendimento de quase 15%.

O pior já passou, por isso pode ser arriscado apostar no fundo cambial. Quem investir agora pode perder dinheiro.

André Hayashi coordenador da Pós-Graduação e do MBA em Finanças e
Mercado de Capitais da FAE

Proteção de portfólio

Para investidores mais experientes, o fundo cambial é recomendado como uma maneira de diversificar e proteger as demais aplicações de um portfólio. Para Paes, montar uma carteira de investimentos com títulos atrelados à variação do dólar oferece uma segurança para o caso de a economia no Brasil piorar e o dólar disparar.

Ainda assim, é preciso estar atento às condições de cada banco e instituição onde o fundo vai ser adquirido. Hayashi explica que as taxas de administração variam bastante e isso pode comprometer os rendimentos finais. “O ideal é saber negociar e, acima de tudo, ter uma educação financeira que permita saber onde e como investir corretamente”, conclui o economista.

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