Diluídos e vistos como um ato de carinho, os gastos com animais de estimação nem sempre são alvo de preocupação, mas, ao longo da vida do pet, podem chegar a R$ 60 mil, custo equivalente a dois carros populares zero quilômetro. O alerta e o cálculo são feitos pelo economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Samy Dana, que aborda o tema no livro de finanças pessoais Seu Bolso (Editora Casa da Palavra, 2014; preço: R$ 24,90).
Dono de um cachorro, o autor conta que a motivação de destacar os chamados “petgastos” partiu da preocupação com os efeitos que a desordem financeira pode causar na vida do animal e do dono. “Ter cachorro é legal, mas requer atenção e exige espaço no orçamento. Muita gente abandona o bicho porque não têm consciência das despesas que ele traz.”
Os períodos mais críticos são o início e o fim da vida do pet, quando há despesas concentradas com vacinas, compra de acessórios e cuidados veterinários. Já o consumo de ração e de serviços de higiene representará um desembolso constante. Animais de grande porte tendem a dar mais gastos, pois consomem mais comida e exigem banhos frequentes.
Dana estima os dispêndios totais com base no tamanho e na expectativa de vida do animal, além de considerar o reajuste de preços previsto para o período. A conta final indica uma diferença de cerca de R$ 15 mil entre os cachorros grandes (R$ 60,5 mil) e pequenos (R$ 45,6 mil), com uma faixa intermediária (R$ 57,4 mil). As despesas mensais são projetadas em R$ 195, R$ 300 e R$ 450, conforme o porte do cão.
Dicas para economizar
Além de analisar previamente se o orçamento comporta os custos que o animal trará, o interessado em ter um pet deve evitar as tentações de mimos e presentes disponíveis no mercado, que movimenta cerca de R$ 20 bilhões por ano no Brasil. “Já vi doceiros que fazem bolo para o aniversário do animal. Não há limite para esses gastos. Cada um precisa definir quanto pode desembolsar”, diz Dana.
Outra recomendação é checar se ONGs e universidades oferecem algum tipo de serviço gratuito, como assistência veterinária e microchipagem. O consumidor também pode ter vantagem na compra de rações mais volumosas, que geralmente têm custo/benefício melhor que o de pacotes menores.
Na comparação entre cachorros e gatos, os últimos se mostram mais econômicos: o Instituto Pet Brasil (IPB) estima em cerca de R$ 85 as despesas mensais com os felinos, ante um dispêndio de R$ 130 a R$ 315 com os cães. Os animais que geram os menores custos mensais – e podem ser uma alternativa para quem está com o orçamento reduzido – são aves (R$ 15), peixes (R$ 18), répteis (R$ 20) e roedores (R$ 25).