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O planejamento das finanças ainda é um grande desafio para as famílias brasileiras. Porém, entre as famílias que acreditam praticar razoavelmente seu planejamento, muitas vezes a aparente ordem nas finanças pode estar escondendo uma verdadeira ameaça à estabilidade do relacionamento.

Não me refiro a riscos sobre a condição econômica da família, mas sim sobre o bem estar – ou a falta dele – que resulta das decisões financeiras que um casal toma. É comum que, a partir do início da vida a dois, um casal comece a priorizar decisões que garantam o bem estar familiar. Entre eles, estão o custeio da casa própria, do plano de saúde, da aposentadoria, dos seguros e da educação dos filhos.

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Não raro, essa variedade de decisões relevantes e caras acabam por esgotar o orçamento familiar, impondo limitações excessivas aos gastos com lazer e bem estar. Também ficam limitados gastos que costumam fazer parte do orçamento de solteiros, como o investimento na carreira, viagens, cuidados com o corpo e poupanças para objetivos individuais. Quando isso ocorre, está caracterizada a situação em que o casamento anula os indivíduos que o compõem.

O planejamento familiar deveria levar em consideração que um casal deve perseguir três tipos de objetivos ou sonhos: os da família e os de cada componente do casal. Se, quando jovem, uma pessoa ambiciona conhecer o mundo, estar na moda, voluntariar-se em causas humanitárias ou qualquer outro grande objetivo que se torna inviável com as consequências do casamento, a vida a dois pode se tornar um fardo, geralmente imperceptível no início. Boas intenções nos planos da família, mas apenas para a família, podem resultar em indivíduos frustrados. Está aí uma das explicações de divórcios tardios.

Por outro lado, o excesso de individualismo é tão ou mais comum quanto os casos de famílias que esquecem dos indivíduos. O casal não pode exagerar nas escolhas individuais, sob o risco de fazer do casamento uma competição por conquistas individuais. Os indivíduos também não devem anular o casamento.

Equilíbrio nas escolhas é a chave para que elas sejam sustentáveis. Na prática, o bom planejamento familiar começa pela moderação no custo de vida, para que as boas experiências que o casal teve no namoro e no noivado continuem ao longo da vida. Isso gera maior nível de bem estar e satisfação, o que motiva para o trabalho e tende a proporcionar melhor condição de crescimento na carreira.

O orçamento deve contar com verbas para os gastos da família e também com verbas específicas para que cada um cuide de seus objetivos pessoais. Preferencialmente, devem conversar sobre os três tipos de objetivos, para que duas cabeças juntas construam escolhas melhores. Poupanças devem ser feitas para as futuras necessidades da família e também para os desejos individuais, também com planejamento a dois. Um bom planejamento envolve mãos dadas para fortalecer as conquistas dos três. Essa é a melhor forma de consolidar uma união e fortalecê-la com o tempo.

* Gustavo Cerbasi (gustavocerbasi.com.br) é especialista em inteligência financeira.
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