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Embora sirvam como freio econômico necessário para conter a inflação, os juros elevados representam uma oportunidade de ganhos para investidores, em especial os que estão em vias de se aposentar. Produtos voltados a esse segmento, como fundos de previdência privada, estão mais rentáveis com a curva ascendente de juros aplicada pela autoridade monetária.

A taxa básica de juros (Selic), definida pelo Banco Central (BC), segue uma escalada gradual há dois anos e meio. Desde outubro do ano passado, registra cinco altas seguidas, que a levaram ao patamar atual, de 13,25% ao ano, o maior desde 2008. O mercado espera que o indicador suba 0,25 ponto porcentual no início do próximo mês.

Isso aumenta a atratividade dos fundos de previdência privada formados por ativos de renda fixa, como títulos bancários e públicos atrelados a juros – destacam-se CDI e letras do Tesouro. “O momento é ideal para esse tipo de investimento, vinculado a juros. Há ótimas oportunidades para quem está mirando correção do poder de compra”, diz Mauro Mattes, especialista em operações estruturadas da corretora Concórdia.

Mesmo os fundos com ativos de renda variável têm, por força de lei, um porcentual mínimo de 51% aplicado em produtos de renda fixa, o que também os torna mais atraentes nesse momento, independentemente da composição mesclada.

Os fundos de previdência não são considerados exatamente modalidades de investimento, já que apresentam regras bastante distintas de aplicações comuns. “Não se deve exigir ou esperar rentabilidade/retorno imediato de um plano de previdência. Eles são contribuições mensais ou esporádicas visando à formação de uma reserva futura para que se torne um complemento de renda na idade de aposentadoria”, esclarece o diretor-geral da Luterprev, Evandro Raber.

As principais diferenças desses produtos em relação aos demais são a taxação e a tributação. A primeira – que representa uma desvantagem – é formada por encargos administrativos, que podem incluir uma tarifa cobrada na entrada ou saída do plano, a chamada taxa de carregamento, com porcentual variável. “É usada para custear despesas administrativas com a comercialização do plano”, explica Leandro Missio, gerente comercial da Icatu Seguros, em Curitiba.

Já a tributação pode ser um trunfo, pois, no caso de quem faz a declaração completa do Imposto de Renda, é possível abater 12% do valor devido, via fundos de PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre). No caso do outro modelo existe, o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), a vantagem se dá na hora do resgate, pois a tributação é exclusiva sobre os rendimentos, e não sobre todo o capital.

Estudo da pesquisadora Tania Amaral, da USP, comparou a rentabilidade de fundos de investimentos e de previdência, e concluiu que os segundos são menos vantajosos, em razão da incidência de taxas. Ela ressalva, porém, que o estudo foi feito em um período de Selic baixa e, com a mudança de cenário, os resultados podem se alterar.

Ciclo de alta da taxa básica de juros deve terminar no médio prazo

O investidor que busca se beneficiar dos juros em alta tem à frente um cenário que deve se tornar menos atraente, na opinião do mercado. A expectativa geral é de que, à medida que a inflação comece a recuar, o ciclo de elevação dos juros se encerre. “A manutenção desses juros tão elevados tem um tempo determinado e não deve persistir”, diz Mauro Mattes, especialista em operações estruturadas da corretora Concórdia.

A projeção do mercado – medida pelo Boletim Focus e divulgada pelo Banco Central toda segunda-feira – é de que, ao fim do próximo ano, a inflação esteja em 5,50%, quase três pontos porcentuais abaixo da estimativa deste ano, de 8,31%.

Apreciação

Isso deve abrir margem para que a autoridade monetária inverta a política de apreciação dos juros. O Focus aponta que o mercado trabalha com a expectativa de que a Selic alcance o nível de 11,75% ao ano, um ponto e meio porcentual abaixo da taxa atual e no mesmo patamar de dezembro do ano passado, antes da disparada da inflação.

Títulos da dívida pública também são boas opções de aplicação

Outro caminho para aproveitar os juros altos com vistas a chegar bem à aposentadoria, na recomendação de analistas, é investir diretamente nos ativos que formam a carteira dos fundos de previdência, como títulos da dívida pública, por exemplo. “A previdência é um instrumento, mas todos os investimentos de renda fixa estão se beneficiando muito dos juros elevados”, explica Eduardo Glitz, sócio-diretor da XP Investimentos.

Entre as opções mais recomendadas no Tesouro Direto, estão os títulos prefixados que pagam juros parciais, além da variação da inflação, chamados de Tesouro IPCA + com Juros Semestrais (antigos NTN-B).

Eles têm como vantagem a correção monetária mais rápida em relação às letras tradicionais, que remuneram o investidor apenas no vencimento do título. Outra modalidade em evidência é o Tesouro Selic (antigo LFT), que corrige o montante investido com base na Selic e tem viés de longo prazo, com vencimento em 2021.

Letras de crédito

Glitz aponta as letras de crédito, em especial a imobiliária (LCI), como alternativas interessantes, em razão da isenção do Imposto de Renda.

Esses instrumentos pagam um porcentual prefixado do índice DI (antigo CDI), cuja cotação acompanha a trajetória dos juros. Outra possibilidade são os tradicionais títulos bancários CDBs, também vinculados ao DI e igualmente beneficiados pelo movimento de alta dos juros.

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