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Firefox retorna para disputar a preferência do usuário com outros navegadores, especialmente o Chrome. | MINH UONG/NYT
Firefox retorna para disputar a preferência do usuário com outros navegadores, especialmente o Chrome.| Foto: MINH UONG/NYT

Você já teve a sensação de que a web está se desestruturando? Ao comprar um forno elétrico online, é de se esperar que anúncios de outras marcas o persigam de site em site. Se você tem apenas algumas abas do navegador abertas, a bateria de seu notebook se esvai com rapidez. E nem vou falar dos vídeos que passam automaticamente quando você navega em uma página.

A web chegou a uma fase ainda pior que o normal. Tornou-se um lugar chato, muitas vezes tóxico e ocasionalmente inseguro para se frequentar. E mais do que isso, ela se transformou em um comércio injusto: você abre mão de sua privacidade online e o que recebe de volta são serviços ligeiramente convenientes e anúncios excessivamente direcionados.

Por essas e outras, pode ser hora de experimentar um navegador diferente. Lembra-se do Firefox? Feito pela Mozilla, uma organização sem fins lucrativos, surgiu no início da década de 2000 como um meio mais rápido e melhor projetado para navegar na web, mas acabou em segundo plano depois que o Google lançou o Chrome, em 2008, mais rápido, seguro e versátil.

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A Mozilla recentemente deu um reset no Firefox. Há cerca de dois anos, seis funcionários se reuniram em torno de uma fogueira uma noite, em Santa Cruz, na Califórnia, e começaram a discutir a situação dos navegadores. Acabaram concluindo que havia uma “crise de confiança” na rede.

“Se não confiam na web, não vão usá-la. Parecia que tudo apontava para isso. E assim começamos a pensar em ferramentas, arquiteturas e abordagens diferentes”, disse em entrevista Mark Mayo, diretor de produtos da Mozilla.

Agora, o Firefox está de volta. Foi lançada uma nova versão, no final do ano passado, com o codinome Quantum, elegantemente desenvolvida e rápida; segundo seus desenvolvedores, o navegador renovado consome menos memória que os da concorrência, o que significa que você pode abrir várias abas e mesmo assim a navegação será tranquila.

É preciso destacar também que o Firefox agora oferece ferramentas de privacidade, que vêm como um recurso interno para bloquear anúncios, e um “contêiner” que pode ser instalado para impedir que o Facebook monitore suas atividades online. A maioria dos outros navegadores não conta com esses recursos.

Após testar o Firefox nos últimos três meses, achei que ele se compara ao Chrome na maioria das categorias. No fim das contas, seus recursos de privacidade me convenceram a fazer a troca e hoje ele é meu navegador primário.

Aqui vão as razões porque você também deve pensar em usá-lo.

Recursos de privacidade necessários

Tanto o Chrome quanto o Firefox oferecem suporte a milhares de extensões que modificam sua experiência de navegação. O primeiro ganha em termos numéricos, com centenas de milhares, em comparação com as aproximadamente 11 mil do segundo.

Mas após meses usando o Firefox, não havia nada que eu quisesse fazer no Chrome que não pudesse também fazer nele. Os dois navegadores suportam o 1Password, o popular programa de gerenciamento de senhas. Ambos aceitam extensões que impedem a reprodução automática de vídeos na página que você está visitando, e também suportam o uBlock Origin, o bloqueador de anúncios recomendado por muitos especialistas em segurança.

A Mozilla também oferece uma extensão chamada Facebook Container (baixe-a aqui). Normalmente, a rede social pode acompanhar suas atividades de navegação mesmo fora dela, usando rastreadores na forma de cookies incluídos em outros sites. Com essa extensão, quando você abre o Facebook em uma aba do navegador, sua identidade é isolada em seu próprio contêiner, o que dificulta a perseguição.

O Firefox se destacou por alguns recursos de privacidade que vêm embutidos no navegador. Dentro dessas configurações, você pode ativar a proteção de rastreamento, que bloqueia os rastreadores online, impedindo a coleta de seus dados em vários sites. Com o Chrome, você pode instalar uma extensão de terceiros para bloquear rastreadores — mas quanto menos você tiver, melhor.

Especialistas em segurança elogiaram a Mozilla por intensificar seus trabalhos na área da privacidade.

“O Firefox parece ter se posicionado como o navegador que se importa com a privacidade e estão fazendo um trabalho fantástico para melhorar a segurança também. Por outro lado, o Google é fundamentalmente uma empresa de publicidade, por isso é improvável que algum dia resolva deixar o Chrome mais forte em termos de privacidade”, disse Cooper Quintin, pesquisador de segurança da Electronic Frontier Foundation, organização sem fins lucrativos de direitos digitais.

O Google disse que privacidade e segurança andam de mãos dadas, e que isso orientou a indústria em ambas as frentes. O gigante de busca disse que seu navegador é o único com um método para enfrentar de forma confiável o Spectre, a falha de segurança revelada este ano que não pode ser completamente solucionada e que afeta os microprocessadores em quase todos os computadores do mundo, podendo permitir o roubo de informações de um aplicativo, que podem ser compartilhadas com outros. O Chrome também inclui um filtro embutido que bloqueia o carregamento de anúncios inadequados e maliciosos.

“Não dá para ter privacidade sem segurança na web”, disse Parisa Tabriz, diretora de engenharia do Google, especializada em segurança.

Na verdade, tanto o Chrome quanto o Firefox têm uma segurança forte. Ambos incluem um sandboxing, que isola os processos do navegador para que um site mal-intencionado não infecte outras partes da sua máquina. Assim, se você abre uma página com código malicioso, ela ficaria contida isolada sem poder infectar seus arquivos, sua câmera e seu microfone.

O Google admitiu que havia uma coisa que poderia melhorar: a inclusão de configurações de privacidade para bloquear a tecnologia de rastreamento, semelhante às ferramentas incluídas no Firefox.

“Acho que isso é algo que podemos aperfeiçoar. O Firefox tem algumas configurações que também estamos explorando”, disse Tabriz.

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Qual navegador é mais rápido?

Alguns sites de comparação, que determinam a velocidade de um navegador medindo a capacidade de resposta de diferentes elementos da rede, dizem que o Chrome é mais rápido; já outros garantem que é o Firefox. No meu teste, como sou alguém que trabalha com mais de uma dúzia de abas por vez, ambos foram muito rápidos. Vamos dizer que houve um empate.

A Mozilla jura que o Firefox consome menos memória do computador, o que faz com que todos acreditem que use menos vida da bateria. No entanto, em meus testes em um laptop rodando um script que recarrega automaticamente os dez principais sites de notícias, o Firefox durou apenas alguns minutos a mais que o Chrome antes de a bateria se esgotar. Em outro teste, que envolveu o streaming de um vídeo do Netflix em loop nos dois navegadores, a bateria durou cerca de 20 minutos a mais com o Chrome.

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