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Trabalho

“Freio puxado” trava emprego formal

Empresas seguem contratando mais que demitindo, mas o saldo das admissões recuou 25,9% em relação ao primeiro semestre de 2011

Indústria brasileira sente a pressão do esfriamento da economia internacional e puxa o índice que mede a expansão dos postos de trabalho para baixo | Walter Alves/Gazeta do Povo
Indústria brasileira sente a pressão do esfriamento da economia internacional e puxa o índice que mede a expansão dos postos de trabalho para baixo (Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo)

A criação de empregos formais no Brasil recuou 25,9% no primeiro semestre de 2012 em relação ao mesmo período do ano passado. O saldo de admissões e desligamentos de janeiro a junho deste ano chegou a 1,05 milhão de vagas. No ano passado, foram criadas quase 400 mil vagas de trabalho a mais de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. O desempenho deste ano é o pior registrado desde 2009.

A avaliação de especialistas é de que a queda no número de novas vagas reflete o fraco desempenho da economia interna e externa. "O saldo de empregos formais está em desaceleração desde o começo do ano por causa da queda da atividade econômica de forma geral", explica Cristiane Quartaroli, economista do Banco Votorantim.

Ela aponta a indústria como a maior responsável pela retração no saldo líquido do emprego, que ficou abaixo das estimativas do começo do ano. De acordo com o Caged, no Brasil, o total de empregos criados neste setor foi 48,7% menores nesse ano do que em 2011.

Comércio e agropecuária também tiveram fraco desempenho, gerando cerca de metade das vagas que foram criadas no ano passado. Nesses três setores, a diferença de vagas geradas na comparação com 2011 foi de 320 mil.

O fraco desempenho da indústria tem sido alvo de uma série de medidas do governo federal, que cortou impostos, desonerou a folha de pagamento e reduziu os juros. Até o momento, as medidas não foram suficientes para fazer a indústria deslanchar. De janeiro a maio, a produção industrial caiu 3,4% ante o mesmo período de 2011.

O economista Cid Cordeiro, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Paraná, explica que o desaquecimento da economia chegou com certo atraso ao mercado de trabalho. "A produção e a confiança do empresário foram atingidas mais rapidamente pela crise do que o emprego, mas naturalmente ele seria afetado mais cedo ou mais tarde", afirma.

Para ele, os dados do emprego formal devem continuar ruins no próximo trimestre. "Já a médio e longo prazos devemos observar os efeitos das políticas monetárias, com uma recuperação da economia no fim do ano e início de 2013", avaliou.

Na avaliação de Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria Integrada, o resultado do Caged está alinhado com a atividade econômica do país. "Não tem nada de grave. O Produto Interno Bruto (PIB) está parado há algum tempo, a indústria não cresce. Você segura um pouco as contratações", afirmou.

Salário maior

Por outro lado, o salário médio de admissão no primeiro semestre do ano supera em R$ 56 o valor pago no mesmo período de 2011. Considerada a inflação, o ganho real ao trabalhador corresponde a 5,9%.

Nos primeiros seis meses deste ano, os trabalhadores têm sido contratados por um salário médio de R$ 1.002. No ano passado, o valor era de R$ 946.

No Paraná, queda na geração de vagas é menor

A geração de empregos caiu 25,9% em âmbito nacional e apenas 9,8% no Paraná na comparação entre o primeiro semestre deste ano com o de 2011. O saldo estadual de novas vagas passou de 98 mil para 89 mil.

Essa diferença deve-se a uma melhor performance nos setores em situação mais crítica. Em âmbito nacional, indústria, comércio e agropecuária geraram neste ano metade das vagas criadas em 2011. No Paraná, a indústria estadual contratou 21% menos, o comércio -6% e a agropecuária manteve o ritmo de admissões.

O mercado de trabalho no setor de serviços, que mais emprega no Brasil, também foi mais animador no Paraná. Criou-se 100 mil vagas a menos em âmbito nacional (-16% em relação à primeira metade de 2011). No estado, esse índice foi de 1,7%.

O economista Cid Cordeiro, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Paraná, explica que o desempenho paranaense na geração de empregos acima da média nacional é histórico. "É comum ter um resultado um pouco melhor. No entanto, o câmbio e o otimismo do empresariado favoreceram a queda menos intensa."

De acordo com o Dieese, os principais subsetores que seguraram o desempenho local foram o dos hotéis e restaurantes, o do comércio varejista e o da indústria de alimentos e bebidas. Com os quase 90 mil novos empregos, o número estimado de trabalhadores com carteira assinada no Paraná chegou a 2,6 milhões.

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