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Setor elétrico

Funcionários da Copel param por 3% de ganho real

Empresa diz que não pode oferecer mais que a reposição da inflação porque sofre novas pressões vindas do plano de concessões do setor

Funcionário da Copel em ação: primeira greve em 23 anos | Arquivo/ Gazeta do Povo
Funcionário da Copel em ação: primeira greve em 23 anos (Foto: Arquivo/ Gazeta do Povo)

Amanhã, os funcionários da Companhia Paranaense de Energia (Copel) paralisam seus serviços e se concentram em frente à sede da companhia, no bairro Batel, em Curitiba. É a primeira vez que o movimento por aumento salarial dos servidores da estatal toma essas proporções em 23 anos. A decisão foi tomada em assembleias realizadas no último dia 9 por 15 sindicatos que representam mais de 90% dos 9 mil servidores da companhia no estado. Os trabalhadores rejeitaram a proposta de reposição de inflação da Copel (5,58% pelo INPC) e pedem um ganho real de 3%, totalizando um reajuste de 8,5%. "Estamos há dois anos sem ganho real. Além disso, historicamente, ou ficamos apenas com a reposição da inflação ou com um pequeno aumento", alega o presidente do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), Ulisses Kaniak. A decisão das assembleias foi protocolada, segundo ele, no último dia 12, e até agora nenhuma nova proposta foi apresentada pela Copel. "O que queremos é que a companhia volte a negociar", frisa o secretário-geral do Sindicato dos Eletricitários de Curitiba (Sindenel), que representa 5 mil funcionários da Copel, Luis Eduardo R. Nunes.

A paralisação respeitará, segundo os sindicatos, a manutenção legal de 30% do efetivo e a prestação dos serviços de emergência necessários para que não haja nenhuma interrupção no serviço de energia elétrica no estado. Todas as outras atividades, como reparos programados e obras, serão suspensas.

Ontem, em nota, a Copel disse que a sugestão de 5,58% "é a melhor proposta possível diante do novo cenário econômico e do setor elétrico no país". A companhia alega que com a entrada em vigor das novas regras do setor, previstas pela Medida Provisória 579, as empresas do ramo terão quedas significativas de receita. "Por isso, outras empresas do setor elétrico não estão oferecendo reajuste equivalente ao INPC, como a Copel oferece, e também não oferecem qualquer reajuste nos benefícios de seus empregados. Assim sendo, a Companhia considera desproporcional o movimento de greve iniciado por sindicatos que pretendem paralisar os serviços da empresa em prejuízo da população paranaense", argumenta a companhia.

Kaniak diz que o movimento compreende este novo momento do setor elétrico, mas que é preciso dividir os bons resultados que a empresa vem apresentando, ano após ano, com os funcionários. "São quase R$ 1 bilhão de lucro anual. Além disso, entre 2010 e 2012, houve um aumento na fatia dos lucros para os acionistas de 25% para 35%, além do aumento de gastos com a diretoria em mais de 60% no mesmo período, com os salários dos dirigentes crescendo mais de 40%".

Nunes lembra ainda que a própria empresa, em comunicados aos acionistas e investidores, alega que não será tão impactada pelas novas regras quanto outras empresas do setor. "O discurso para os investidores é um e para os trabalhadores, outro."

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