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Sundar Pichai, CEO do Google. | CHANDAN KHANNA/AFP
Sundar Pichai, CEO do Google.| Foto: CHANDAN KHANNA/AFP

Mais de 30 funcionários do Google assinaram uma petição contra os planos da empresa de criar um mecanismo de busca em conformidade com o regime de censura online da China. Uma reação dos funcionários contra o projeto se agita há meses na empresa, mas a manifestação publicada nesta terça (27) marca a primeira vez que funcionários do Google usam seus nomes em um documento público que se opõe aos planos.

A existência do projeto, conhecido pelo codinome Dragonfly, foi confirmada pelo CEO do Gogole, Sundar Pichai, no mês passado. Embora a China tenha bloqueado as buscas por material considerado politicamente sensível, Pichai disse que o Google ainda pode ajudar os internautas chineses a encontrar outras informações, como tratamentos de saúde, ou afastá-los de fraudes.

Mas o projeto atraiu críticas que questionam os valores corporativos do Google e levantaram preocupações sobre as consequências das empresas de tecnologia cooperarem com governos autoritários.

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“Nossa oposição ao Dragonfly não diz respeito à China: nos opomos às tecnologias que ajudam os poderosos a oprimir os vulneráveis, onde quer que eles estejam”, afirma a petição. “O governo chinês certamente não está sozinho em sua disposição para reprimir a liberdade de expressão e usar a vigilância para reprimir a dissidência. O Dragonfly na China estabeleceria um precedente perigoso em um momento político volátil, que tornaria mais difícil para o Google negar concessões similares em outros países”.

A Anistia Internacional, que lançou um “dia de ação” na terça-feira em protesto contra o Dragonfly, levou Pichai a abandonar o programa e fez uma chamada aberta para que as pessoas assinassem uma petição.

“Este é um momento decisivo para o Google”, disse Joe Westby, pesquisador de tecnologia e direitos humanos da Anistia Internacional, em um comunicado à imprensa. “Como o mecanismo de busca número um do mundo, ele deveria estar lutando por uma internet onde a informação seja livremente acessível a todos, não apoiando a alternativa distópica do governo chinês.”

O Google não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

No início de 2018, mais de 1.400 funcionários do Google assinaram uma carta interna exigindo mais transparência e responsabilidade sobre a ética dos projetos da empresa, citando o Dragonfly como uma iniciativa que foi desenvolvida sem a participação dos funcionários. “No momento, não temos as informações necessárias para tomar decisões eticamente informadas sobre nosso trabalho, nossos projetos e nosso emprego”, dizia a carta.

Pichai disse que o mecanismo de busca do Google compatível com a China não é um negócio fechado. “Tenho uma visão de longo prazo disso”, disse ele durante um evento organizado pela Wired em outubro. “E eu acho que é importante para nós — dado o quão importante é o mercado e quantos usuários existem — nos sentimos obrigados a pensar seriamente sobre este problema e ter uma visão de longo prazo.”

Se o Google avançar com o Dragonfly, poderá permitir que a empresa entre novamente no mercado de buscas online da China após quase uma década.

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Mas os planos do Google na China atraíram o escrutínio dos legisladores dos EUA que acusaram a empresa de ser evasiva em relação ao protótipo do mecanismo de busca. De modo mais amplo, a indústria de tecnologia está enfrentando uma reação intensa sobre suas práticas de privacidade de dados, com alguns membros do Congresso propondo legislação que colocaria novas restrições sobre como as empresas de tecnologia coletam e usam os dados dos clientes.

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