
O plano da zona do euro para ampliar o poder de fogo do Fundo de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), a linha de resgate do bloco, em quatro ou cinco vezes o seu tamanho atual é considerado irrealista por pessoas com conhecimento do assunto em razão do fraco interesse dos investidores e do aumento dos custos de financiamento da Itália e da Espanha para níveis perigosos.
O EFSF, junto com um plano segundo o qual os bancos reduzirão o valor da dívida da Grécia que detêm, estará entre os principais tópicos a serem discutidos pelos ministros de Finanças da zona do euro, o Eurogrupo, em uma reunião em Bruxelas na próxima terça-feira, segundo fontes. Nenhuma solução para o EFSF está pronta.
"Alavancar o EFSF para cerca de 1 trilhão de euros é irrealista. O que nós podemos esperar agora é uma ampliação que dobre a capacidade de empréstimo do fundo. Alguns falam em um aumento de três vezes, mas eu acho isso muito otimista", disse uma autoridade que vai participar da reunião do Eurogrupo. Atualmente o EFSF tem capacidade de empréstimo de 440 bilhões de euros, dos quais apenas 250 bilhões de euros ainda não foram solicitados.
No fim de outubro, os líderes da União Europeia decidiram que o EFSF poderia agir como seguradora para novos bônus emitidos por países do bloco, o que tornaria esses bônus mais atraentes e menos custosos para os emissores. Porém, com o rápido aumento dos custos de financiamento desde outubro para países como Itália e Espanha, o risco de default aumentou, o que reduziu o apelo do EFSF.
Autoridades próximas ao projeto do EFSF afirmam também que a busca por recursos de fundos soberanos da Ásia e de outros países como Brasil e Rússia não teve resultados, pois os gerentes de fundos estão preocupados com a falta de clareza sobre a estrutura do EFSF. "Eles educadamente disseram não. Países como a China e fundos soberanos de Cingapura e Coreia do Sul atualmente veem oportunidades dentro da Ásia, onde ainda existe crescimento. Os investidores também estão buscando ativos seguros, como os dos EUA. Eles evitam a Europa como o diabo", disse uma das fontes. As autoridades europeias admitem que a tarefa de promover o EFSF tem sido dificultada ainda mais pela deterioração das finanças públicas da Itália e pela possibilidade de a França perder o rating AAA, o que impõe um risco imediato para o próprio rating do EFSF.
Itália paga cada vez mais para se financiar
Folhapress
A desconfiança do mercado em relação à Itália chegou ao ponto em que os investidores exigem retorno maior para comprar títulos de dois anos (de curto prazo) do que para os papéis de dez anos. Essa inversão mostra os temores de que a crise italiana estourará logo e é bastante rara: Grécia, Portugal e Irlanda enfrentaram a mesma coisa antes de recorrer à ajuda internacional.
O usual é que títulos de longo prazo paguem retorno maior porque cresce a possibilidade de uma crise ou de um calote, por exemplo. Em leilão realizado ontem pelo governo italiano, os investidores exigiram um rendimento de 7,8% para os títulos com vencimento em dois anos contra 4,6% na negociação feita em outubro. Enquanto isso, nos mercados, os papéis italianos de dez anos foram negociados com rendimento de 7,3%.
No caso dos papéis de seis meses, a Itália repetiu o que ocorreu com o leilão espanhol também desta semana: teve de pagar um rendimento maior até mesmo que o exigido da Grécia, símbolo da crise europeia. A manutenção dos juros nesse patamar tornará insustentável refinanciar a dívida italiana, que equivale a 121% do seu PIB e proporcionalmente só fica abaixo da grega na Europa.



