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Taxa de juros

Galípolo diz que país irá conviver com “incômodo” de juros altos e inflação acima da meta

Gabriel Galípolo
Presidente do Banco Central diz que ciclo de juros altos se estenderá por mais tempo, mas sem definir quanto. (Foto: reprodução/BC)

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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou nesta quinta (27) que os juros seguirão altos no Brasil por mais algum tempo para levar a inflação de volta ao centro da meta de 3%. Atualmente, a Selic está em 14,25% enquanto que o IPCA previsto para o final deste ano é de 5,65% segundo o Relatório Focus desta semana.

A previsão de um “incômodo” de se conviver com juros altos e inflação acima da meta foi dada durante a apresentação do Relatório de Política Monetária, que prevê um aumento do rombo nas contas públicas e no endividamento do país para este ano.

“O Banco Central tem consciência de que este é um momento mais incômodo de indicadores econômicos que você vai estar com uma taxa de juros caminhando para um patamar elevado de contração e, ainda, com uma inflação acima da meta e que esperamos, dentro do cenário projetado, que vai começar a bater na atividade [econômica para desacelerar]”, disse pontuando que escreverá mais uma carta ao governo, no meio do ano, para explicar os motivos do estouro da meta de inflação.

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Gabriel Galípolo, no entanto, evitou citar qual seria esse cenário projetado de início de convergência da inflação com o centro da meta “devido às incertezas” econômicas, o que também dificulta definir, neste momento, de quanto será o aumento dos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), previsto para as próximas reuniões de julho e setembro.

Ele, no entanto, voltou a afirmar que a elevação será de “menor magnitude”, mas que o colegiado seguirá analisando o desempenho da economia neste período para definir quanto a Selic será elevada. Projeções do mercado financeiro apontam uma alta entre 0,25% e 0,75%, com os juros alcançando 15% no final do ano.

“Se a gente tivesse essa convicção, teríamos escrito isso [na ata da última reunião do Copom]. Há um compromisso do Banco Central na persecução da meta. [...] A gente quer continuar reunindo informações para ir analisando a partir de um cenário pós-elevação da taxa de juros para o patamar que temos, que representa um nível de aperto monetário que nós podemos calcular”, pontuou.

O presidente da autoridade monetária também evitou comentar sobre justificativas dadas por integrantes do governo de que os aumentos dos juros neste ano ainda seriam um reflexo de decisões do ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que era tido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como responsável pelos aumentos ao tomar decisões políticas – havia sido indicado ainda durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Galípolo afirmou que Campos Neto deu a ele um “protagonismo” na última reunião de 2024 e que os diretores que fazem parte do Copom têm autonomia para decidirem sobre os juros, tanto que as últimas elevações têm sido unânimes.

“Não cabe a mim, obviamente, fazer comentários sobre qualquer tipo de comentário do presidente da República ou de ministro. [...] Não tem bala de prata”, completou sobre a avaliação de que não se deve dar um “cavalo de pau” na economia, o que também já foi citado diversas vezes por Lula.

Ele também evitou fazer uma previsão do impacto que a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil deve gerar na economia se for aprovada pelo Congresso, e mesmo sobre a liberação do crédito consignado para CLT e MEI.

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