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Sala de concerto e centro de convenções Harpa em Reykjavik . | Bara Kristinsdottir/NYT
Sala de concerto e centro de convenções Harpa em Reykjavik .| Foto: Bara Kristinsdottir/NYT

Com vista para o mar e as montanhas, a moderna sala de concertos e centro de convenções de Reykjavik, capital da Islândia, com sua fachada caleidoscópica de vidro multicolorido, recebe em média 140 mil visitantes ao mês.

O complexo, que já abrigou desde fãs da Björk até entusiastas do ioiô, é um símbolo de como o país se recuperou da crise econômica, com a ajuda de turistas cuja admiração pela Islândia e o influxo de dinheiro ajudaram a acelerar ainda mais o desenvolvimento.

Ao lado do centro, veículos da construção civil zanzam, trabalhando em um projeto que irá se unir ao espaço de eventos para formar o coração da cidade, com seus inúmeros restaurantes e shopping centers. Esse é um dos muitos elementos que fazem parte de projeto imobiliário de 63 mil metros quadrados conhecido como terreno Harpa, ou Austurhofn. O plano de transformar essa ampla área portuária em um bairro onde as pessoas possam viver e se divertir esteve durante décadas na prancheta.

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“A área se converteu em um buraco negro depois de 2008, mas agora estamos ajudando a trazer vida nova para o centro da cidade”, afirmou o arquiteto islandês Asgeir Asgeirsson.

A construção da sala de concerto e centro de convenções Harpa em Reykjavik teve início em 2007, mas foi interrompida quando a economia islandesa passou pela crise econômica global. Em 2011, o complexo finalmente abriu as portas. Uma espetáculo de comédia chamado “Como se tornar islandês em 60 minutos” faz parte da programação recorrente. E, a partir do ano que vem, a Federação Internacional de ioiô irá realizar sua competição anual no local.

Asgeirsson e seu escritório de arquitetura, o T.ark, estão ajudando a melhorar a ligação entre o Harpa e o centro histórico de Reykjavik, onde locais como o Café Loki atraem visitantes curiosos para provar as especialidades islandesas, incluindo peixe seco e gelatina de cabeça de cordeiro.

Arquiteto Asgeir Asgeirsson em frente às obras de ligação do Harpa com o centro histórico de Reykjavik.Bara Kristinsdottir/NYT

Longas filas se formam nos carrinhos de cachorro quente do centro, onde é possível comprar a deliciosa salsicha de carneiro típica da Islândia, com molhos e cebola frita. Lojas de roupa vendem inúmeros acessórios para quem deseja se preparar para o clima local, incluindo os tradicionais agasalhos nórdicos feitos de lã da região.

O novo projeto que a T.ark e Asgeirsson estão ajudando a criar irá incluir mais de 33 mil metros quadrados de lojas e apartamentos, além de um hotel. De alta classe, o hotel Edition pertence à Carpenter & Co. com sede em Boston, e será criado em parceria com o arquiteto Ian Schrager, tornando-se parte da rede Marriott.

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Aproveitando a recuperação econômica da Islândia, o desenvolvimento do restante do bairro finalmente está progredindo. A mudança é um alívio para o país, onde os três principais bancos faliram em sequência e cuja moeda, o krona, despencou durante a crise. Pouco tempo depois, o governo criou controles para evitar uma fuga de capital da Islândia e, por consequência, uma desvalorização ainda maior da krona.

Um dos grandes motores desse projeto e do crescimento da construção civil na Islândia tem sido a chegada de turistas, que ajudaram a acelerar consideravelmente a recuperação da economia islandesa, quando comparada a de países europeus como a Grécia e a Itália. Em 2009, a Islândia, cuja população era de 320 mil habitantes, recebeu quase 494 mil visitantes, de acordo com a Secretaria de Turismo da Islândia. Em 2015, quase 1,3 milhão de pessoas visitaram o país e mais de 1,6 milhão são esperados até o final deste ano, de acordo com a Islandsbanki Research.

Construção civil na Islândia está aquecida.Bara Kristinsdottir/NYT

Promoções da Icelandair oferecem paradas gratuitas em Reykjavik a caminho da Europa, a popularidade da série de TV “Game of Thrones”, que foi filmada na ilha, e a erupção de um vulcão em 2010, levando fotos espetaculares para a mídia, ajudaram a colocar o país no mapa dos turistas. Eles vêm explorar a paisagem, se aventurar nos vulcões, subir até o topo das geleiras e mergulhar nas lagoas geotermais.

Reykjavik atrai turistas, de acordo com o prefeito Dagur B. Eggertsson, por causa de seu “povo, cultura, atmosfera de liberdade e por ser uma das cidades mais seguras do mundo”.

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A construção civil tem corrido para acompanhar a demanda. O número de quartos de hotel e pousadas aumentou 42% no país entre 2010 e 2015, de acordo com a Statistics Iceland. Mas isso não foi o bastante para acomodar a multidão que veio ao país. Por isso, muitas pessoas vêm para o setor com o objetivo de preencher essa vaga. Entre dezembro de 2014 e novembro de 2015, o número de quartos do Airbnb em Reykjavik cresceu 126%, de acordo com o Islandsbanki Research.

Os fundos de pensão islandeses recentemente tiveram um papel importante no incentivo da construção civil comercial. Incapazes de investir no exterior desde 2008 por conta dos controles de capital, os planos de pensão se tornaram os maiores investidores islandeses e estão entre os maiores acionistas das imobiliárias comerciais que possuem capital aberto.

A Islândia está lentamente abrindo mão dos controles de capital, o que pode afetar a situação da construção civil, uma vez que os fundos de pensão puderem investir no exterior.

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Contudo, as mudanças também podem ajudar a atrair mais dinheiro de fora, afirmou Eggertsson, acrescentando que “Reykjavik está interessada no investimento direto estrangeiro em hotéis e turismo”.

Embora a capital esteja repleta de turistas e seu céu esteja pontilhado por gruas de construção, a cidade já está sentindo as dificuldades da chegada de tantos turistas. Os empreiteiros de East Harbor esperam que novos escritórios e prédios de apartamento equilibrem a quantidade de visitantes e de pessoas da região.

O país como um todo está preocupado com a forma como os turistas podem afetar as belezas naturais que visitam. E, em Reykjavik, a pressão também é sentida na infraestrutura, de acordo com Elsa Yeoman, secretária de Cultura e Turismo da cidade.

“Estamos convidando tantas pessoas que a festa está começando a ficar cara. Alguém precisa pagar a conta”, afirmou. Ainda assim, “a cidade nunca esteve tão colorida para nós que somos daqui”.

Secretária de Cultura e Turismo de Reykjavik Elsa Yeoman: “alguém precisa pagar a conta”.Bara Kristinsdottir/NYT
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