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Energia

Gás natural se manterá escasso por mais três anos

O Brasil consome hoje cerca de 54 milhões de metros cúbicos diários de gás natural, segundo a consultoria Gas Energy. Sem contar a produção na Amazônia, que não chega a outras regiões, o país produz 40 milhões de metros cúbicos por dia, mas apenas 25 milhões chegam ao mercado consumidor – os 15 milhões restantes são consumidos nas plataformas de petróleo ou reinjetados nos poços para facilitar a extração do óleo. O Brasil importa, portanto, 29 milhões de metros cúbicos de gás todos os dias – 1 milhão vem da Argentina e abastece a térmica de Uruguaiana (RS), 1 milhão de gás boliviano fica na térmica de Cuiabá (MT) e os 27 milhões restantes são de gás boliviano para o Sul e o Sudeste do país.

O problema é que somente a partir de 2009, quando entrarem em produção importantes campos de gás natural no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, o país poderá elevar substancialmente sua produção. Em 2010, o consumo nacional deverá estar em cerca de 90 milhões de metros cúbicos diários, segundo estimativa da Gas Energy. A importação via gasodutos chegaria a, no máximo, 31 milhões de metros cúbicos, pouco mais que o atual. Com a operação de duas usinas processadoras de gás natural liquefeito (GNL), seriam importados outros 10 milhões de metros cúbicos. Os 49 milhões restantes seriam produzidos no país.

Até lá, no entanto, o Brasil terá de se equilibrar sobre a corda bamba do gás boliviano. Como os investimentos em produção na Bolívia foram suspensos após a nacionalização decretada por Evo Morales em 1.º de maio, o volume fornecido pela Bolívia – independentemente de o preço subir ou não – não crescerá em 2007.

Além disso, os bolivianos podem exportar no máximo 34 milhões de metros cúbicos diários. Ou seja, não têm gás para atender a todos os contratos que assinaram, que prevêem um máximo de 41 milhões de metros cúbicos diários para Brasil e a Argentina (que ficaria com até 7,7 milhões). "Na medida em que Araucária e outras térmicas brasileiras demandam mais gás, deveria haver corte para o fornecimento da Argentina, porque o contrato do Brasil é prioritário", diz o especialista da Gas Energy, Marco Aurélio Tavares.

Para Ivo Pugnaloni, da consultoria Enercons, o grande erro brasileiro começou no governo de Fernando Henrique Cardoso, quando se desistiu de investir em hidrelétricas, que fornecem mais energia e a preço mais baixo – mas cuja construção é mais lenta e cara, exigindo dos governos um mínimo de planejamento. "Nas províncias de Tucumán e Santa Fé, na Argentina, as empresas de produção de energia já não têm gás para tocar as termelétricas. Até hoje eles se arrependem de terem apostado no gás natural. E no Brasil já começamos a sofrer com isso." (FJ)

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