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Combustíveis

Gasolina e álcool pressionam o IPCA

Inflação de março já chega a 0,48% com a explosão dos preços nos últimos dias

Os recentes aumentos dos combustíveis e a esperada mudança da base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) terão forte impacto sobre a inflação em Curitiba. Levando-se em conta somente a variação dos preços do álcool e da gasolina nestes primeiros dias de março, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já estaria em pelo menos 0,48%. Para efeito de comparação, na soma de todos os produtos que compõem a cesta de consumo dos curitibanos, o IPCA medido em janeiro foi de 0,78%. Entre 15 de janeiro e 15 de fevereiro, a variação foi um pouco menor, de 0,46%.

De acordo com o economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese-PR), o reajuste do álcool representaria 0,20 ponto porcentual na inflação de Curitiba, enquanto o da gasolina responderia por mais 0,21 ponto porcentual. Outro 0,07 ponto porcentual seria conseqüência da mudança da base de cálculo do ICMS – que incide em 26% do preço médio da gasolina e 18% do preço médio do álcool. O reajuste ainda não foi feito pela Secretaria de Estado da Fazenda.

A pressão sobre a inflação pode, no entanto, diminuir ao longo do mês, segundo Sandro Silva, porque os preços dos combustíveis tendem a recuar. "Com a antecipação da safra, que vai aumentar a oferta, e a alta dos preços, que deve reduzir o consumo, os preços do combustível podem encerrar o mês mais baixos do que começaram", diz o economista. "Além disso, até lá, outros produtos da cesta de consumo podem ter seus preços reduzidos. Isso tudo pode limitar a variação do IPCA até o fim do mês."

ICMS

Segundo cálculo do Sindicombustíveis (que representa os postos do estado), a base de cálculo do ICMS deve subir para R$ 2,75 para o litro da gasolina e R$ 2,47 para o álcool. São valores superiores aos praticados no mercado, o que significa que o consumidor paga imposto sobre um produto mais caro do que aquele que está realmente comprando. O presidente do Sindicombustíveis, Roberto Fregonese, informou que não haveria como prever qual o efeito da alteração da base sobre os preços do álcool. Mas, segundo ele, o litro da gasolina ficaria cerca de R$ 0,04 mais caro.

O diretor da Receita Estadual, Luiz Carlos Vieira, preferiu não referendar ontem a informação de sua assessoria de imprensa, que na sexta-feira confirmou as estimativas do Sindicombustíveis. Vieira avisou que é "impossível" prever qual será a nova base de cálculo para o ICMS do álcool e da gasolina e quando ela será aplicada. "Precisamos esperar que os valores se acomodem novamente. É natural que haja picos depois das mudanças. Não podemos calcular por eles", diz. "Temos que esperar que os preços se alinhem."

DisparadaNa semana passada, o litro do álcool foi vendido por R$ 1,786, em média, nos postos curitibanos pesquisados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). No último dia 2, o preço médio saltou para R$ 2,025, de acordo com o Procon-PR – isso representa um reajuste de 13,4% em menos de uma semana. A redução da proporção de álcool anidro misturada à gasolina – que na quarta-feira passada caiu de 25% para 20% por determinação do governo federal – acabou abrindo espaço para especulação nos preços do derivado do petróleo: em uma semana, a gasolina aumentou 4,46% em Curitiba, passando de R$ 2,465 para R$ 2,575 por litro.

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