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A despeito dos gastos iniciais, Karine Bonfim diz que adoção da vira-lata Mabi valeu a pena. | Hugo Harada/Gazeta do Povo
A despeito dos gastos iniciais, Karine Bonfim diz que adoção da vira-lata Mabi valeu a pena.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Diluídos e vistos como um ato de carinho, os gastos com animais de estimação nem sempre são alvo de preocupação, mas, ao longo da vida do pet, podem chegar a R$ 60 mil, custo equivalente a dois carros populares zero quilômetro. O alerta e o cálculo são feitos pelo economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Samy Dana, que aborda o tema no livro de finanças pessoais Seu Bolso (Editora Casa da Palavra, 2014; preço: R$ 24,90).

Mabi alegra a casa, mas traz despesas

A chegada da cachorrinha vira-lata Mabi à casa de Karine Bonfim e Anderson Souza, em Curitiba, trouxe alegria, mas também despesas. Como é a primeira experiência do casal com um pet, foi preciso comprar toda a estrutura necessária para acomodar o bicho, como casinha, coleira, almofadas e brinquedos. “Eu diria que gasta tanto quanto uma criança”, compara Karine.

A mascote também exigiu investimentos em castração, ração e vacinas – foram quatro doses, compradas de uma marca internacional, em cinco meses. Para reduzir as despesas, o casal começou a dar banhos em casa, já que o animal tem pelo curto, e definiu que passará a comprar uma ração mais em conta. Passado o investimento inicial, as despesas tendem a se estabilizar – a próxima vacina será aplicada apenas no ano que vem.

Karine avalia que, a despeito do impacto dos primeiros gastos, a adoção valeu a pena. “Quando fomos à ONG, ela estava desnutrida. Hoje está bem, com o pelo mais bonito. Sem falar na alegria que ela nos traz.” (RC)

Dono de um cachorro, o autor conta que a motivação de destacar os chamados “petgastos” partiu da preocupação com os efeitos que a desordem financeira pode causar na vida do animal e do dono. “Ter cachorro é legal, mas requer atenção e exige espaço no orçamento. Muita gente abandona o bicho porque não têm consciência das despesas que ele traz.”

Os períodos mais críticos são o início e o fim da vida do pet, quando há despesas concentradas com vacinas, compra de acessórios e cuidados veterinários. Já o consumo de ração e de serviços de higiene representará um desembolso constante. Animais de grande porte tendem a dar mais gastos, pois consomem mais comida e exigem banhos frequentes.

Dana estima os dispêndios totais com base no tamanho e na expectativa de vida do animal, além de considerar o reajuste de preços previsto para o período. A conta final indica uma diferença de cerca de R$ 15 mil entre os cachorros grandes (R$ 60,5 mil) e pequenos (R$ 45,6 mil), com uma faixa intermediária (R$ 57,4 mil). As despesas mensais são projetadas em R$ 195, R$ 300 e R$ 450, conforme o porte do cão.

Dicas para economizar

Além de analisar previamente se o orçamento comporta os custos que o animal trará, o interessado em ter um pet deve evitar as tentações de mimos e presentes disponíveis no mercado, que movimenta cerca de R$ 20 bilhões por ano no Brasil. “Já vi doceiros que fazem bolo para o aniversário do animal. Não há limite para esses gastos. Cada um precisa definir quanto pode desembolsar”, diz Dana.

Outra recomendação é checar se ONGs e universidades oferecem algum tipo de serviço gratuito, como assistência veterinária e microchipagem. O consumidor também pode ter vantagem na compra de rações mais volumosas, que geralmente têm custo/benefício melhor que o de pacotes menores.

Na comparação entre cachorros e gatos, os últimos se mostram mais econômicos: o Instituto Pet Brasil (IPB) estima em cerca de R$ 85 as despesas mensais com os felinos, ante um dispêndio de R$ 130 a R$ 315 com os cães. Os animais que geram os menores custos mensais – e podem ser uma alternativa para quem está com o orçamento reduzido – são aves (R$ 15), peixes (R$ 18), répteis (R$ 20) e roedores (R$ 25).

Plano de saúde animal promete economia

Uma alternativa que pode, a longo prazo, gerar economia ao consumidor é a adoção de planos de saúde para animais. O funcionamento é semelhante à assistência médica tradicional: há pagamento de mensalidade, carências e coberturas específicas. A vantagem é diluir mensalmente custos que podem se concentrar no caso de internamento ou cirurgia repentinos.

Levantamento feito no ano passado pelo Instituto Pet Brasil (IPB), em diversas capitais, indica que os preços da mensalidade variam entre R$ 35 e R$ 183, com diversificado rol de procedimentos, que vai de consultas à acupuntura. A desvantagem é justamente essa despesa fixa.

Entre as clínicas de Curitiba que oferecem o serviço está a AllesBlau, que oferece planos a R$ 45 e R$ 55. Cerca de 5% dos clientes da clínica têm o serviço, que, além dos serviços veterinários, oferece descontos na compra de produtos em lojas conveniadas, como forma de tornar o plano mais atraente. (RC)

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