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Sistema elétrico

Geração de energia solar no Brasil fica só na promessa

Projetos lançados nos últimos anos não foram para frente. Enquanto isso, país sofre os efeitos da estiagem nos reservatórios de água

Instalação chinesa para coleta de luz solar: Brasil investe muito pouco | Carlos Barria/Reuters
Instalação chinesa para coleta de luz solar: Brasil investe muito pouco (Foto: Carlos Barria/Reuters)

Apesar da crise energética no país, com risco de tarifas mais caras e até de racionamento, o Brasil quase não avança no aquecimento e na geração de eletricidade solar. Os problemas ocorrem tanto em projetos de larga escala como na pequena produção doméstica. Nem mesmo os programas governamentais conseguem progresso significativo: em 2010, o governo anunciou um plano, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para instalar até o fim de 2014 placa solar para chuveiros em dois milhões de casas do Minha Casa Minha Vida. Até agora, segundo a Caixa, apenas 215.945 residências contam com o sistema, ou 10,8% da meta.

Na época, o governo apregoou que, além desta frente, apoiaria a instalação de 260 mil aquecedores solares com recursos de eficiência energética das distribuidoras e que a Caixa financiaria outros 400 mil aparelhos, chegando a um total de 2,66 milhões de casas com o sistema. Isso traria uma economia de energia equivalente ao consumo anual de Belo Horizonte e retiraria da atmosfera a emissão de gases do efeito estufa em volume igual ao emitido pela frota de carros de Brasília de então.

Mas isso não ocorreu. Passados quatro anos, o Ministério de Minas e Energia (MME) apresentou dados defasados e não soube informar qual o porcentual alcançado de instalação de aquecedores solares das outras duas frentes além do Minha Casa, Minha Vida. Levando em conta a meta ampliada, de 2,66 milhões de casas, o cumprimento do governo pode ter sido ainda mais baixo que os 10,8% obtidos com o programa de habitação popular.

Além do descumprimento da meta, o governo usou tecnologia tradicional, na qual o consumidor tem de desligar o sistema em caso de falta de sol. Em 2010, o governo prometia adotar o inovador "chuveiro flex", que faria isso automaticamente. Segundo a Caixa, a opção mais moderna era mais cara.

"Falta incentivo do governo. Por que clubes, hotéis e mansões têm os sistemas em seus telhados e as casas mais humildes não têm?", indaga Marcelo Mesquita, consultor da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), que indica o uso conjunto das duas tecnologias: aquecimento solar de chuveiros e microgeração de energia, de forma complementar.

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