Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
ENERGIA

Gigante eólica dinamarquesa inaugura primeira fábrica no Brasil

Vestas investiu R$ 100 milhões em unidade no Ceará, que será inaugurada semana que vem

Turbinas eólicas da Vestas na Austrália: companhia dinamarquesa tem instaladas 53 mil turbinas (20% do total global) em 70 países | Vestas/Divulgação
Turbinas eólicas da Vestas na Austrália: companhia dinamarquesa tem instaladas 53 mil turbinas (20% do total global) em 70 países (Foto: Vestas/Divulgação)

Com a produção de 2016 toda vendida e contratos que somam 376 megawatts, a fabricante de turbinas eólicas Vestas inaugurará na segunda-feira (18) sua fábrica em Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza.

A empresa dinamarquesa, que tem instaladas 53 mil turbinas (20% do total global) em 70 países, aproveita o desempenho de um dos poucos negócios que cresce fortemente apesar da crise. A estimativa do setor é ter fechado 2015 com investimentos de R$ 24 bilhões e 59,4 mil empregos (contra 37 mil em 2014).

Na fábrica cearense, a primeira unidade brasileira da Vestas, o investimento foi de R$ 100 milhões e deve gerar 600 vagas.

Os equipamentos contratados em 2015 serão financiados pela linha de crédito do Finame Code, do BNDES. Para isso, a empresa obteve a certificação de conteúdo local. A Vestas planeja criar no Ceará um polo de treinamento tecnológico, em parceria com o Senai.

Escolha

O estado foi escolhido por três motivos principais. O primeiro é a proximidade dos principais centros consumidores –Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará estão entre os estados com maior potencial de geração eólica no Brasil, ao lado do Rio Grande do Sul.

Maranhão, Piauí, Paraíba e Pernambuco também são produtores, e os aerogeradores respondem por no mínimo 30% da eletricidade produzida no Nordeste, contra 5,8% no total do país.

A expectativa do setor é chegar a 10% até 2018, segundo a Abeeólica (associação brasileira de energia eólica).

A infraestrutura logística foi outro fator de decisão, principalmente por causa dos portos de Pecém e Mucuripe. Falta um aeroporto de maior capacidade, diz o presidente da empresa, Rogerio Zampronha, para quem uma terceira vantagem do estado é um governo “pró-mercado”.

“Não é uma questão de incentivos fiscais, que são iguais aos de outras regiões, mas de interesse em receber as empresas e atrair projetos.”

A dinamarquesa está desenvolvendo o novo atlas eólico do Ceará – estudo que mapeia o perfil de vento (intensidade, previsibilidade e altitude) de cada região e permite estimar o potencial de geração de energia e os equipamentos mais adequados.

Sem transmissão

O principal gargalo do setor, ressalta o executivo, continua sendo a transmissão. Só em novembro do ano passado foi colocada em operação a obra que permitiu escoar a produção de 12 parques eólicos na Bahia. Desde 2012, dezenas de parques já prontos ficaram paralisados no Nordeste por falta de linhas que integrassem a energia gerada ao sistema nacional.

Projetos em construção estão com atrasados e, em licitação de transmissão realizada no final de 2015, só 4 dos 12 lotes ofertados foram arrematados.

Zampronha defende que o governo priorize a fonte eólica para cumprir a meta levada à COP 21, de assegurar a participação de 20% de energia renovável na matriz elétrica, além da hidroeletricidade, até 2030.

O país tem hoje 349 usinas de geração eólica instaladas, segundo a associação brasileira do setor, com capacidade instalada de 8,71 gigawatts.

Vocação nacional

Das três principais fontes – vento, sol e biomassa –, a eólica apresenta hoje o menor custo. São menos de R$ 200 por megawatt, contra R$ 280 da biomassa e R$ 300 da solar, de acordo com os preços obtidos em leilão em novembro.

“Cada fonte tem uma vocação diferente”, diz Zampronha. Ele defende que a energia solar seja incentivada como fonte de geração distribuída, em que residências e empresas podem produzir energia e fornecer o excedente para as distribuidoras, principalmente em eixos bastante urbanizados como o Rio-São Paulo. “Mas a vocação principal de energia renovável no Brasil é a eólica.”

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.