Um sinal de que as petroleiras que querem "ganhar dinheiro" e não apenas assegurar reservas estarão fora do leilão do pré-sal veio nesta quinta-feira (19), com a desistência de três gigantes do setor: a norte-americana Exxon Mobil e as britânicas British Gas (BG) e British Petroleum (BP). A BG surpreendeu mais o mercado, já que é a principal sócia da Petrobras no pré-sal e vinha com um discurso de apostar no país e nessa nova fronteira exploratória.
A maior parte do investimento da companhia no mundo é destinado ao Brasil, onde tem uma fatia do campo de Lula e em outras reservas do pré-sal da bacia de Santos, sempre ao lado da Petrobras como sócia minoritária. A desistência das três empresas foi informada à diretora da ANP, Magda Chambriard. "Eu recebi telefonemas de três empresas, Exxon, BP e BG, dizendo que não vão participar do leilão do pré-sal por questões muito específicas de cada empresa. No entanto, elas reafirmaram o interesse no Brasil", afirmou.
No início da noite, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou a lista das 11 empresas, incluindo a Petrobras, que pagaram taxa de participação para a 1ª Rodada do Pré-Sal, marcada para 21 de outubro, com a oferta da área de Libra, na Bacia de Santos.
Em comunicado, a ANP destacou que, das 11 empresas, sete pertencem ao grupo de 11 com maior valor de mercado no mundo, de acordo com um ranking da consultoria global PFC Energy. A relação das empresas inscritas inclui CNOOC International Limited (China), China National Petroleum Corporation (China), Ecopetrol (Colômbia), Mitsui & CO (Japão), ONGC Videsh (Índia), Petrogal (Portugal), Petrobras (Brasil), Petronas (Malásia), Repsol/Sinopec (hispano-chinesa), Shell (anglo-holandesa) e Total (França). Essas as companhias que pagaram a taxa de R$ 2 milhões para participar do leilão.
Sem as três, ganhou força a tendência de que o leilão será dominado por estatais, especialmente da China. Magda se mostrou desapontada com desistência. Disse que esperava inicialmente que até 40 empresas participassem do leilão do campo gigante de Libra (bacia de Santos), previsto 21 de outubro.
Segundo ela, porém, a "conjuntura" fez com que o número fosse menor. "Esperava 40 empresas, mas agora existe um contexto mundial de situações muito específicas de cada empresa que levam a essa situação".
Os nomes das firmas, porém, só foi revelado quando a ANP finalizar o processo de análise dos documentos apresentados pelas companhias, obrigatórios para que as empresas sejam habilitadas a participar da oferta. Segundo uma fonte próxima ao processo, a necessidade de investimentos elevados afastou as empresas brasileiras da disputa, com exceção da Petrobras.
O consórcio que vencer a disputa terá que fazer um pagamento imediato de R$ 15 bilhões e firmar o compromisso de investimento mínimo de R$ 610 milhões nos primeiros quatro anos. A previsão é que Libra esteja produzindo 1 milhão de barris por dia em 2020, metade do que a Petrobras levou 60 anos para obter.
O prazo do contrato é de 35 anos não renováveis, e o investimento previsto, US$ 200 bilhões.
Francesa Total destaca valor alto do bônus para Libra
Uma das 11 empresas que pagou a taxa para a participação do leilão do campo de Libra, a petrolífera francesa Total atribuiu ao novo contrato de partilha e ao elevado valor do bônus o afastamento de possíveis interessados na licitação. "O valor do bônus é um investimento alto. Os US$ 15 bilhões não são pouca coisa", disse o diretor de Assuntos Corporativo da Total E&P do Brasil, Ulisses Martins, durante evento organizado pela Global Pacific & Partners, nesta quinta-feira.



