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Planta da GM em Orion Township, Michigan. | Jeff Kowalsky/Bloomberg
Planta da GM em Orion Township, Michigan.| Foto: Jeff Kowalsky/Bloomberg

A General Motors (GM) demitirá mais de 14 mil funcionários e fechará sete fábricas em todo o mundo até o final de 2019. As medidas, anunciadas nesta segunda-feira (26), são parte de um realinhamento abrangente para se preparar para um futuro de veículos elétricos e autônomos.

Quatro fábricas nos Estados Unidos e uma no Canadá poderão ser fechadas até o final de 2019 se a montadora e seus sindicatos não chegarem a um acordo para alocar mais trabalho a essas instalações, disse a GM em comunicado. Outras duas serão fechadas fora da América do Norte. As ações da empresa com sede em Detroit subiram com o anúncio do plano, que inclui o abandono de alguns de seus modelos de sedãs menos vendidos.

As reduções planejadas de cargos, que desencadearam reações políticas no meio-oeste dos EUA e no Canadá, acompanham ganhos surpreendentemente fortes no terceiro trimestre. A presidente-executiva da GM, Mary Barra, está tentando tornar a empresa mais enxuta, já que a demanda por automóveis nos Estados Unidos recua de um recorde em 2016 e as vendas na China — outra central de lucratividade para a GM — também estão em queda. Barra também está transferindo recursos para a construção de carros elétricos e, eventualmente, de veículos que dirigem a si mesmos, os autônomos.

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“Estamos tomando essas ações enquanto a economia está forte”, disse Barra a repórteres em Detroit. “Esta indústria está mudando muito rapidamente. Queremos ter certeza de que estamos bem posicionados. Achamos que é apropriado fazê-lo enquanto a empresa é forte e a economia é forte.”

As ações da GM dispararam 7,9%, para US$ 38,75, o maior desde julho. Ainda assim, os papéis acumulam queda de 7% este ano.

O plano de cortar 15% da sua força de trabalho segue um plano de demissão voluntária oferecido a cerca de 1/4 do seu quadro de funcionários mais antigos no final de outubro. A GM disse que os cortes vão impulsionar o fluxo de caixa livre automotivo em US$ 6 bilhões até o final de 2020 e resultar em encargos únicos de até US$ 3,8 bilhões no quarto trimestre deste ano e no primeiro trimestre de 2019.

A GM também disse que a empresa vai descartar os sedãs Buick LaCrosse, Chevrolet Impala e Cadillac CT6 no ano que vem. O híbrido plug-in Chevy Volt também será lançado junto com o compact Chevy Cruze, que será fabricado no México para outros mercados.

Muitas das fábricas da GM estão operando em um único turno para fabricar modelos que caíram em desuso. Elas operam em 1 milhão de veículos abaixo da capacidade máxima, disse Kristin Dziczek, vice-presidente de indústria, trabalho e economia do Centro de Pesquisa Automotiva em Ann Arbor, Michigan.

“A maioria das plantas de um turno são de sedãs”, disse Dziczek. “Esse é um verdadeiro descompasso em um mercado onde 40% dos veículos vendidos são utilitários crossover”.

Os prováveis fechamentos das fábricas já levaram a GM à pressão política, com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, tuitando que ele expressou “profunda decepção” com Barra diretamente. As plantas dos EUA estão em lugares que foram economicamente devastados pela perda de empregos e pressão sobre os salários por décadas, o que ajudou a levar à eleição, em 2016, de Donald Trump como presidente dos EUA.

Rob Portman, republicano de Ohio, disse que está “profundamente frustrado” com a decisão da GM de fechar uma fábrica em Lordstown e pressiona Barra a apresentar um produto alternativo para a fábrica.

Um porta-voz da Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Barra está reduzindo o número de funcionários das operações que fabricam carros convencionais e contratando pessoas que podem projetar carros elétricos ou adicionar recursos de software à GM Cruise, a unidade de veículos autônomos da montadora em São Francisco, na Califórnia. Isso significa que a GM precisa alocar mais recursos para carros puramente elétricos, ao contrário do Volt híbrido, e para a tecnologia autônoma, disse Barra.

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A GM está cortando mais de 6.300 trabalhadores horistas e assalariados em suas fábricas e 15% dos trabalhadores assalariados na América do Norte, para um total de mais de 14 mil. Os totais são imprecisos em parte porque pode haver uma contagem dupla com os funcionários que estão aceitando a oferta de demissão voluntária de outubro.

A empresa marcou uma fábrica de sedãs em Detroit, uma fábrica de carros compactos em Ohio e outra fábrica de montagem nos arredores de Toronto como as que possivelmente serão fechadas. Também estão em risco duas fábricas de câmbio, uma fora de Detroit e outra em Baltimore.

Enquanto a GM demite trabalhadores das suas principais operações de automóveis, a montadora contratou cerca de 1 mil pessoas no ano passado na divisão Cruise.

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