A discussão sobre corte de gastos do governo deveria começar pela revisão de despesas e dos resultados de políticas publicas. A avaliação é do economista Bruno Carazza, professor associado da Fundação Dom Cabral.
"A reforma administrativa é importante [para cortar despesas], mas não é uma 'bala de prata' para o ajuste e seus resultados mais expressivos são no longo prazo" avalia.
Para ele, é preciso passar um pente-fino na estrutura de gastos para uma reavaliação de programas que custam muito e não dão o resultado esperado. Muitos deles poderiam ser extintos, fundidos ou remodelados.
"A revisão deveria abranger desde as iniciativas de transferência de renda até os gastos com emendas parlamentares, que são distribuídas para estados e municípios sem acompanhamento efetivo dos resultados das políticas públicas", pondera o professor.
Uma secretaria especial foi formada dentro do Ministério do Planejamento para esta função, mas os trabalhos não têm evoluído. A ministra Simone Tebet teve seu papel reduzido, com desgastes públicos de perda de poder, como no caso da nomeação do novo presidente do IBGE, Márcio Pochmann, pelo presidente Lula.
Para Carraza, a secretaria tem bons especialistas na qualidade do gasto público e sabe o que deve ser feito. "Mas isso nada adianta se o presidente não tem vontade política de racionalizar gastos e ajustar as contas públicas", diz.
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