As mudanças na rentabilidade da caderneta de poupança em estudo pelo governo têm como objetivo principal evitar que falte crédito para pessoas físicas, empresas e para o próprio governo. O grande temor de autoridades e analistas de mercado é que a manutenção das regras atuais de correção da poupança provoque uma corrida para essa modalidade de aplicação.
Isso ocorre por causa da tendência de queda para a taxa de juros básica, a Selic, atualmente em 11,25% ao ano. A maior parte da economia dos brasileiros está hoje nos fundos de investimento - R$ 1,2 trilhão. Nesse universo, os destaques são os fundos de renda fixa e DI, compostos por títulos emitidos pelo governo e por empresas.
Se a taxa básica cai e a forma de remunerar a poupança se mantém é natural que as pessoas troquem de aplicação. O resultado disso seria uma menor disponibilidade de recursos para governo e empresas (cujos bônus, em geral, também têm como referência a taxa Selic). Segundo autoridades, a concentração de investimentos em poupança teria como consequência o desequilíbrio entre as operações financiadas por elas e aquelas suportadas pelos fundos de investimento.
Hoje, 65% do dinheiro depositado nas cadernetas é obrigatoriamente emprestado para financiar habitação e saneamento. Os recursos dos fundos são usados, por exemplo, para financiar a expansão de empresas e para empréstimos pessoais. "Se as pessoas preferirem a poupança aos fundos, vai sobrar dinheiro para habitação", disse o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.



