Governo tenta vender no Catar obras do PAC e transição energética na terra do petróleo

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, apresentaram ao governo do Catar nesta quinta (30) os projetos que o país está tocando no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ações de transição energética e oportunidade de investimentos em defesa e aviação com a Embraer.

Os temas foram tratados em reuniões bilaterais com autoridades catarianas e com o emir Tamim bin Hamad Al-Thani, com quem Lula teve uma reunião ampliada e uma privada. Durante o discurso no Fórum Econômico Brasil-Catar, o presidente reforçou a importância do comércio bilateral e do relacionamento econômico entre os dois países, com o crescimento passando de cerca de US$ 38 milhões em 2003 para os atuais US$ 1,6 bilhão.

O Catar, segundo Lula, desempenha um papel vital para a agricultura brasileira, sendo um fornecedor crucial de ureia, contribuindo para a produtividade nacional. Ele expressou confiança no potencial de negócios entre os dois países, destacando a complementaridade entre suas economias.

Além disso, o ex-presidente abordou medidas de facilitação de comércio, incluindo um sistema eletrônico para validação e assinatura de documentos, visando reduzir prazos e custos nas transações comerciais.

“Há amplo espaço para a ampliação e diversificação de nossa pauta comercial com produtos de maior valor agregado, como autopeças, produtos de defesa e aeronaves da Embraer, como o C-390 que me trouxe a Doha”, disse aos empresários do país.

Lula também falou sobre o PAC, destacando oportunidades de investimento abertas para estrangeiros. Ele enfatizou a necessidade de aprimorar a infraestrutura brasileira para consolidar o desenvolvimento do país, incluindo a modernização de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias.

O presidente destacou o compromisso do Brasil com a transição energética e identificou setores como energia solar, eólica, biocombustíveis e hidrogênio verde como áreas de imenso potencial.

Já Fernando Haddad afirmou que as relações com o Catar ainda estão apenas começando se comparadas à Arábia Saudita, em que o fundo soberano deve investir cerca de US$ 10 bilhões no Brasil nos próximos anos. “O Catar é uma boa promessa”, disse o ministro.

O ministro disse, ainda, que confia que os deputados e senadores brasileiros vão passar a maioria das propostas econômicas do governo para aumentar a arrecadação, como os fundos exclusivos e das offshores aprovadas na quarta (29) pelo Senado. O projeto de tributação das apostas esportivas -- as "bets" -- foi adiado para uma sessão ainda a ser marcada.

Ele afirmou, ainda, que se alguma proposta que reforce o caixa de 2024 não for aprovada, outras medidas serão tomadas para cumprir a meta fiscal prometida por ele, de zerar o rombo das contas públicas no ano que vem.

Haddad, no entanto, não comentou quais seriam estas medidas, mas ressaltou que está em conversas constantes com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que o acompanha na viagem, e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Lula e a comitiva presidencial viajam a Dubai ainda nesta manhã para participar da abertura da COP28.