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Secretário do Comércio Exterior, Daniel Godinho, diz que "dezembro é tradicionalmente superavitária" | Felipe Rosa/Gazeta do Povo.
Secretário do Comércio Exterior, Daniel Godinho, diz que "dezembro é tradicionalmente superavitária"| Foto: Felipe Rosa/Gazeta do Povo.

O governo federal ainda vê a possibilidade de uma virada no resultado da balança comercial brasileira nos últimos dois meses de 2014. No acumulado do ano até outubro, as importações superam as exportações em US$ 1,87 bilhão.

No mesmo período de 2013, o resultado estava negativo em US$ 1,99 bilhão até outubro, mas fechou o ano positivo em US$ 2,40 bilhões, devido aos bons resultados nos últimos dois meses do ano.

"Continuamos trabalhando com cenário de resultado positivo no fim do ano. Precisamos aguardar novembro para confirmar essa expectativa, porque dezembro é tradicionalmente superavitário", afirmou o secretário de Comércio Exterior do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Daniel Godinho.

Fatores

Godinho citou três fatores que podem contribuir para a recuperação da balança a partir de novembro.

O primeiro é a possibilidade de melhora na conta petróleo em função do aumento de produção no Brasil, fato que ocorre sazonalmente todos os anos. O resultado negativo nesta conta (importações menos exportação de petróleo e derivados) foi de US$ 18,9 bilhões no ano passado. O governo espera ficar em US$ 15 bilhões neste ano (até outubro, houve déficit de US$ 13,8 bilhões).

O ministério também espera recuperação nos preços do minério de ferro e aumento da quantidade exportada nos dois últimos meses do ano, além de continuidade do aumento nas exportações de carne, que cresceram 5% neste ano, com destaque para os 11% de outubro.

Ferro e automóveis

Godinho afirmou que o resultado da balança neste ano foi influenciado por dois fatores que contrariaram as expectativas do governo e dos analistas do setor. O primeiro é a queda de preços de alguns produtos acima do esperado.

"Esperávamos que os preços se acomodassem em um patamar mais baixo do que no ano passado, mas a queda de preços foi ainda maior", afirmou.

O minério de ferro, por exemplo, registra queda de preço de 20% no ano. Somente em outubro, o recuo foi de 40% em relação ao mesmo mês do ano passado. Se o preço de 2013 fosse mantido, com a mesma quantidade, o Brasil teria faturado US$ 5,4 bilhões a mais em exportações em 2014.

O segundo fator é a queda na demanda argentina, principal comprador de manufaturados brasileiro, que caiu 27% no ano. O país vizinho é, por exemplo, comprador de produtos do setor automotivo.

Entre os cinco produtos manufaturados com maior recuo nas exportações estão três desse segmento: automóveis (-41%), veículos de carga (-30%) e autopeças (-24%). Também houve expressivo recuo nas vendas de plataformas de petróleo (-58%) e açúcar refinado (-25%).

Carne

Segundo o ministério, outubro de 2014 foi o melhor mês da história para exportações de carne suína, com vendas de US$ 183 milhões. O recorde anterior era maio de 2009 (US$ 159 milhões). Os principais mercados são Rússia, Hong Kong e Venezuela.

Efeito do dólar

Sobre a alta recente do dólar, Godinho afirmou que o câmbio é um fator importante para a balança, mas há sempre uma defasagem entre a desvalorização da moeda e o reflexo disso nas exportações brasileiras. "Ele costuma ser de dois a três anos. Mais importante que a cotação é a estabilização do câmbio em determinado patamar, para que o empresário possa programar suas exportações."

Em relação à abertura de um painel para avaliar se o Brasil aplica impostos "discriminatórios" para fabricantes estrangeiros no setor automotivo, contestação feita pela União Europeia na OMC (Organização Mundial do Comércio), Godinho afirmou que os regimes tributários contestados são plenamente compatíveis com as regras multilaterais. "Por isso, estamos confiantes em relação ao resultado do painel."

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