
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem duas novas medidas para tentar atenuar a valorização do real diante do dólar. Uma delas é um novo aumento, de dois pontos porcentuais, na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado nos investimentos estrangeiros em renda fixa, que passou a 6% no dia 4, o tributo havia sido elevado de 2% para 4%. A outra medida se refere ao IOF que incide sobre a margem de garantia de investimentos no mercado futuro da BM&FBovespa nesse caso, o tributo passou de 0,38% para 6%. As novidades evidenciam que, na avaliação do próprio governo, as medidas anteriores não surtiram o efeito desejado.
"O que queremos é diminuir o apetite dos aplicadores estrangeiros de curto prazo. Aqueles que vêm aplicar de dois a três anos pagarão o IOF, mas não devem parar de investir no Brasil", afirmou Mantega. Segundo ele, o estoque do volume de margens na BM&Bovespa é de US$ 20 bilhões, montante que pode lastrear US$ 200 bilhões. "Veja a taxa de alavancagem", destacou o ministro, ao justificar a elevação da alíquota.
Mantega disse acreditar que essas medidas surtirão efeito, mas não descartou a adoção de outras, se necessário. Antes do anúncio, o dólar fechou as negociações do dia estável, a R$ 1,666. No início de uma semana carregada de eventos importantes, a Bovespa registrou leve queda de 0,13%.
O ministro disse que só em setembro entraram no país US$ 16 bilhões. Adiantou também, sem citar números, que na semana passada houve um forte ingresso de capital estrangeiro, e revelou que, nas recentes conversas em Washington, percebeu haver um número significativo de grandes fundos estrangeiros querendo desembarcar no Brasil. "Para fazermos o moderador de apetite, estamos avisando que quem vier investir no Brasil vai ganhar menos e deve olhar também para outros países."
Mantega voltou a enfatizar a necessidade de uma ação coordenada para combater o que chama de "guerra cambial" no mundo. "Eu desnudei esse tema. Tirei o véu da guerra cambial. Agora estamos fazendo uma ação coordenada de vários países porque, se cada um tomar uma medida individual, os EUA continuarão emitindo [dólares] e a China desvalorizando a sua moeda, e fica todo mundo na mesma situação."



