Greves na Grécia e na Espanha destacavam a resistência a medidas de austeridade em toda a Europa, enquanto o euro e as bolsas caíam com a proximidade do prazo final para os bancos pagarem de volta a enorme injeção de dinheiro pelo Banco Central Europeu (BCE).
A quinta greve organizada neste ano por sindicatos gregos interrompeu os serviços de turismo e transporte público no país em protesto contra os planejados cortes na aposentadoria, e os trabalhadores espanhóis fecharam o metrô de Madri, enfurecidos com o corte de 5% nos salários do setor público.
O prêmio de risco dos bônus governamentais do sul da Europa sobre os bônus referenciais alemães aumentou e o custo de garantir sua dívida contra a moratória subiu, com os investidores ajustando-os às repercussões da crise de dívida grega no sistema financeiro no final do trimestre, um ponto de estresse tradicional.
Autoridades da zona do euro procuraram tranquilizar os mercados sobre o prazo de quinta-feira para os bancos pagarem de volta a injeção de liquidez recorde de 442 bilhões de euros.
A ministra da Economia espanhola, Elena Salgado, disse esperar que o BCE esteja ciente da situação de desgaste dos bancos da Espanha, alguns banidos dos empréstimos interbancários devido a preocupações sobre dívidas e finanças públicas ruins.
"Espero que nesta ocasião o BCE esteja ciente das necessidades do nosso sistema financeiro", disse Salgado a uma rádio espanhola.
O prazo de quinta-feira coincide com a data automática para que alguns fundos excluam bônus gregos de seu portfólio após serem rebaixados ao nível especulativo ("junk") pela agência de classificação de risco Standard & Poor's em junho.
O membro do Conselho Executivo do BCE, Ewald Nowotny, disse que o banco central está comprometido em oferecer liquidez extra para garantir que não haja aperto de liquidez.
O BCE disse que fornecerá liquidez ilimitada por três meses à sua taxa básica de 1 por cento até o final do ano, suspendendo efetivamente a estratégia de retirar seu auxílio à economia.
Fúria espanhola?
Bancos espanhóis, portugueses e gregos se tornaram desproporcionalmente dependentes de fundos do BCE. Eles têm dificuldade em conseguir financiamento devido a preocupações sobre sua exposição às dívidas soberana e privada de seus países.
De acordo com uma reportagem do Financial Times, os bancos da Espanha estão furiosos porque o esquema de 12 meses do BCE não seria renovado e querem que o banco ofereça mais empréstimos de longo prazo.
A saúde do setor bancário espanhol é uma preocupação para os investidores internacionais desde que uma bolha imobiliária estourou há uma década, gerando a pior recessão em cinquenta anos.
Embora a Grécia tenha recebido um resgate de 110 bilhões de euros da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca de profundas medidas de austeridade para reduzir seu enorme déficit, Espanha e Portugal estão implementando cortes orçamentários mais leves para evitar recorrer à rede de segurança financeira de 750 bilhões de euros.
Preocupações com a oferta de liquidez ajudaram o euro a cair à mínima histórica ante o franco suíço e ao menor valor em um ano e meio contra a libra.
As ações europeias recuaram ao menor nível em quase três semanas, com o principal índice das bolsas do continente caindo 2,19%.
Os investidores temem que a combinação de medidas de austeridade coordenadas na Europa e dívidas de bancos não-resolvidas descarrilem a recuperação econômica.
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