Os líderes gregos enfrentam difíceis negociações nesta terça-feira para garantir um novo resgate internacional e evitar um caótico default da dívida pública, presos entre uma greve nacional contra mais medidas de austeridade e as exigências da União Europeia para que o país aceite dolorosas reformas.
O primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, negociou durante a maior parte da noite com concessores de empréstimos da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI), encerrando as conversas à meia-noite de segunda-feira, quando a greve de 24 horas estava prestes a começar, fechando portos e pontos turísticos e afetando o transporte público.
Papademos, um tecnocrata que caiu de paraquedas na liderança do governo grego ano passado, precisa persuadir líderes dos três partidos em seu governo de coalizão a aceitar as condições da UE e do FMI para um resgate de 130 bilhões de euros.
"Precisamos encontrar uma solução hoje", disse uma autoridade do governo antes das negociações entre os líderes, que devem começar no final do dia.
Com o futuro da Grécia na zona do euro em xeque, a chanceler alemã, Angela Merkel, pediu a Atenas na segunda-feira que decida rápido se vai aceitar o acordo e as reformas econômicas por ele exigidas, que certamente levarão a uma grande redução no padrão de vida da população.
O ministro grego das Finanças, Evanagelos Venizelos, disse que as negociações com os credores da UE, do Banco Central Europeu (BCE) e do FMI não estão indo bem.
"Infelizmente, as negociações estão tão difíceis que assim que um capítulo se encerra, outro se abre", disse ele após reunião com autoridades da "troika" na noite de segunda-feira.
Na manhã desta terça-feira, a greve convocada pelos sindicatos dos setores público e privado GSEE e ADEDY paralisava o principal porto do país.
"Nenhum navio saiu do porto Piraeus nesta manhã, como resultado da greve dos marinheiros", disse uma autoridade da guarda costeira.
PARALISAÇÃO
No centro de Atenas, turistas se amontoavam do lado de fora da Acrópole e o transporte público estava interrompido nas horas de pico da manhã. Os hospitais públicos funcionavam com o número mínimo de trabalhadores, e professores, bancários e funcionários de telecomunicações também devem se juntar ao movimento.
Os líderes gregos de partidos enfrentam uma eleição geral possivelmente em abril e relutam em aceitar mais medidas de aperto em cima de uma série de cortes de gastos estatais, aumentos de tributos e demissões imposta desde o primeiro programa de ajuda externa da Grécia, em 2010.
Após semanas de debates, uma série de questões ainda precisa ser resolvida. O país precisa definir medidas de corte de gastos no valor de 600 milhões de euros neste ano, de um pacote de austeridade no total de 3,3 bilhões de euros, disse uma autoridade do governo.
A troika também exige que os custos trabalhistas das empresas sejam reduzidos em cerca de um quinto. Isso seria feito com a redução do salário mínimo em até 20 por cento, combinada com cortes nos bônus de férias ou com a anulação de acordos salariais da indústria.
Autoridades da UE dizem que o pacote completo precisa ser acertado com a Grécia e aprovado pela troika antes de 15 de fevereiro para dar tempo para procedimentos legais complexos envolvidos na troca de bônus a ser completada a tempo dos vencimentos de dívida que acontecem em 20 de março.