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O primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, alertou hoje o país para grandes sacrifícios depois que seu governo concordou em adotar medidas financeiras austeras em troca de uma ajuda internacional sem precedentes.

Papandreou anunciou que o governo chegou a um acordo com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para garantir os empréstimos em troca de medidas de austeridade profundamente impopulares em uma tentativa desesperada de evitar um calote da dívida.

"Hoje, nós aprovamos o acordo", disse Papandreou em um discurso televisionado, no início de uma reunião extraordinária do governo. "Com a nossa decisão de hoje, os nossos cidadãos terão de fazer grandes sacrifícios", disse o primeiro-ministro grego, classificando a revolta contra a nova onda de cortes de austeridade como "evidente".

A Grécia tem estado sob forte pressão para reduzir um enorme déficit público que sacudiu os mercados internacionais e despertou temores de contágio para outros países europeus endividados.

Valores e protestos - Papandreou não revelou o valor do acordo fechado ontem, mas a ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, disse que a ajuda poderia ficar entre 100 bilhões de euros a 120 bilhões de euros (de US$ 133 bilhões a US$ 160 bilhões) ao longo de três anos. Dois terços do pacote virá dos parceiros europeus; o resto do FMI.

O governo, a UE e o FMI chegaram a um acordo ontem, quando 15 mil pessoas formigavam pelas ruas de Atenas no Dia do Trabalho em protestos contra as medidas de austeridade. A polícia chegou a usar gás lacrimogêneo para conter os protestos, considerados pelos dirigentes sindicais gregos como um prelúdio de uma greve geral nacional programada para a próxima quarta-feira.

Visivelmente desconfortável ao fazer o anúncio nesta manhã, depois dos violentos protestos contra o governo ocorridos ontem, o primeiro-ministro grego disse que o tamanho do resgate foi "sem precedentes" no mundo, mas não revelou se a ajuda valeu a pena.

Ele disse que os trabalhadores ativos e aposentados do setor público deverão suportar o peso de uma nova onda de cortes orçamentários, exigidos pela UE e pelo FMI como uma condição para a liberação dos empréstimos desesperadamente necessários.

Temor de contágio - Depois de meses de hesitação, os países da zona do euro decidiram acelerar os esforços para ajudar a Grécia diante do medo de que a crise da dívida do país pudesse afetar as outras nações europeias que enfrentam problemas fiscais severos, como Portugal ou mesmo a Espanha.

"Hoje, o problema tomou dimensões enormes, hoje o fogo ameaçou se estender não só para a Grécia, mas para a zona euro e para além dela", disse Papandreou. "O custo de extinção é muito alto, e ele é muito elevado para os cidadãos gregos", acrescentou o primeiro-ministro.

Os ministros das finanças dos 16 países-membros da zona do euro se reunirão em Bruxelas, às 11h (de Brasília), para endossar o pacote de ajuda à Grécia.

Falando após o anúncio de Papandreou, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, recomendou que o pacote de ajuda seja ativado, dizendo que as medidas de austeridade planejadas pela Grécia foram "sólidas e críveis".

Com 9 bilhões de euros em dívidas que vencerão no dia 19 de maio o governo grego tinha poucas opções, além de pedir ajuda à UE e ao FMI: era isso ou declarar default de parte de sua vasta montanha de dívidas e correr o risco de se tornar uma economia global pária.

Após os ministros das Finanças da zona do euro aprovarem o acordo, o plano poderá seguir ainda para os líderes de governo e Estado europeus - o parlamento alemão, por exemplo, terá de aprová-lo. Só então, o dinheiro poderá ser transferido para a Grécia.

Um fonte diplomática em Bruxelas disse que "o mecanismo poderá ser ativado pelos líderes europeus, provavelmente no dia 7 de maio, depois de passar pelos parlamentos da Grécia e da Alemanha.

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