O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, anunciou que fará um referendo em 5 de julho sobre o acordo com credores internacionais. Em discurso na televisão, Tsipas disse ser contrário à proposta de negociação dos credores, chamando-a de “humilhante”. Ele afirmou, no entanto, que vai respeitar o que os gregos decidirem.
Na prática, diante do impasse criado nos últimos dias, o premiê quer passar para a população uma decisão sobre a permanência ou não da Grécia na zona do euro. O Parlamento pode ser convocado neste fim de semana para aprovar a proposta de votação popular. Em 2011, o então premiê George Papandreou propôs um referendo sobre o plano de resgate e recuou dois dias depois – ele acabou caindo na semana seguinte.
Os ministros de Finanças da zona do euro se reúnem neste sábado (27) para discutir o assunto em Bruxelas. A Grécia quer desbloquear o acesso a 7,2 bilhões de euros, última parcela do socorro de 240 bilhões de euros recebido do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Central Europeu (BCE) desde 2010. Sem esse dinheiro, o governo diz não ter como pagar a dívida de 1,6 bilhão de euros que expira na terça-feira (30) com o FMI –o Fundo já avisou que não vai prorrogá-la.
Segundo jornais gregos, Tsipras deve pedir aos credores que prorroguem a dívida pelo menos até 5 de julho, a tempo de ouvir a população, e evitar um calote técnico. FMI e BCE exigem uma série de compromissos fiscais que a Grécia não quer aceitar. O país diz que já apresentou uma oferta de ajuste de 7,9 bilhões de euros nas contas públicas.
Oferta final
Tsipras, do partido de esquerda Syriza, acusou os credores de “chantagem”. “Os princípios da União Europeia são democracia, solidariedade, igualdade e respeito mútuo. Esses princípios não são baseados em ultimatos e chantagens. Ninguém tem o direito de colocar em perigo esses princípios.”
O governo grego rejeitou ainda uma última oferta dos países da zona do euro de prorrogar por mais cinco meses a dívida em troca de receber uma ajuda de 16,3 bilhões de euros. O novo socorro dependeria de a Grécia concordar com as reformas exigidas. A chanceler alemã, Angela Merkel, classificou de “generosa” a proposta.
Ao não pagar a dívida, a Grécia ficará sem ajuda externa pela primeira vez em cinco anos e pressionada a discutir a permanência na zona do euro. Ao mesmo tempo, o governo teme uma onda de saques bancários e a necessidade de impor um controle de retirada, medida impopular que transformaria uma crise econômica também em um problema político.
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