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R$ 6 milhões

de prejuízos ao dia devem ser enfrentados a partir de hoje pelos produtores de leite do estado. O valor corresponde ao valor da produção que deixa de ser entregue aos laticínios. Um número cada vez maior de indústrias suspende atividades por falta de espaço e por não conseguir fazer entregas.

Greve dos caminhoneiros faz leite ser jogado fora no Paraná

Laticínios não estão conseguindo enviar caminhões para retirar cargas nas fazendas e produtores estão sendo obrigados a descartar produção. Veja registro do descarte em propriedade no município de Missal, no Oeste paranaense.

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A greve dos caminhoneiros está isolando produtores de leite, aves e suínos, paralisando indústrias de alimentos, bloqueando o transporte de perecíveis e prejudicando as exportações no Paraná. Por causa da interrupção das atividades e dos prejuízos milionários, ontem o dia foi tumultuado em todas as regiões do estado, bem como no Porto de Paranaguá (leia ao lado).

Portos são obrigados a interromper embarques de grãos

Além de limitar o trabalho de produtores e indústrias, a paralisação de caminhoneiros nas principais rodovias do país tem limitado o transporte de cargas direcionadas para exportação.

No Paraná a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) diz que apenas 10% da carga programada para ser carregada ontem nos navios estava disponível. Desde segunda-feira mais de dois mil caminhões programados para chegar ao terminal não apareceram e tiveram as senhas canceladas no sistema que faz o agendamento das cargas. Outra preocupação passa a ser o fim dos protestos. Por meio de nota a entidade informou que “está se preparando para o momento em que ocorrerem os desbloqueios das estradas, pois haverá um acúmulo dos veículos parados para descarregamento.” O bloqueio se repetiu em Santos, líder nos embarques nacionais. Os manifestantes fecharam um trecho da via Anchieta, bloqueando a entrada e saída de cargas. Houve bloqueios no trecho entre os pátios de triagem -- onde chegam os caminhões com agendamento -- e os terminais de cargas, onde é feito o desembarque de grãos.

O setor do leite foi o mais prejudicado até agora. Metade dos 12 milhões de litros do alimento que o estado produz diariamente não está chegando aos laticínios, estima Ronei Volpi, produtor e presidente da Câmara de Bovinocultura Leiteira da Federação da Agricutura e Pecuária do Paraná (Faep). Um prejuízo de R$ 6 milhões por dia. “O pecuarista não tem o que fazer com a produção. Ninguém quer jogar fora o leite, mas, depois de dois dias, não há como armazenar”, afirma. Em Missal (Oeste), o produtor Rafael Veit teve que jogar fora 1,1 mil litros do produto, já que a indústria não teve condições de realizar a coleta no tempo adequado.

Só a Frimesa, que integra 4,7 mil pecuaristas no Oeste do estado, deixou de receber ontem 820 mil litros de leite. O diretor executivo da empresa, Elias Zydek, disse que “não há mais espaço na indústria e nem transporte para mandar a produção para o mercado”.

Às 20 horas, a Frimesa paralisou também o abate de suínos, forçando os suinocultores a interromper as entregas . “Mesmo que possamos entregar mais ração, cada dia representa custo extra na produção”, disse Zydek. Em sua avaliação, “o caos se espalhou, é prejuízo para todos os lados”. O executivo dá como certo o desabastecimento. “No leite não estamos conseguindo atender 32 mil clientes.”

Caso a greve se prolongue, os maiores prejuízos devem ser arcados pela avicultura. O Paraná é líder em produção, com abate de 5 milhões de cabeças ao dia. Estão paralisados frigoríficos gigantes, como os que a BRF mantém em Dois Vizinhos e Francisco Beltrão, no Sudoeste. A empresa calcula que, em âmbito nacional, arca com prejuízo de R$ 8,5 milhões ao dia. Além da paralisação de frigoríficos, há risco de falta de ração ainda nesta semana, o que pode levar milhares de aves à morte por fome. A JBS também confirmou a paralisação de duas unidades avícolas no Paraná e outras seis no resto do país.

A própria colheita da safra de verão, que ganharia ritmo nesta semana, corre o risco de ser paralisada por falta de diesel. O problema já começou em Mato Grosso e deve atingir o Sudoeste e o Oeste do estado em dois dias, indica o setor. O estado ainda não colheu 70% das mais de 17 milhões de toneladas de soja previstas.

Em São João (Sudoeste), houve correria ontem quando um posto conseguiu 10 mil litros de diesel. “Conseguimos 1 mil litros, mas a R$ 2,79. Há poucos dias o litro custava R$ 2,39”, disse o produtor e presidente do Sindicato Rural no município, Arceny Bocalon.

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