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Taxação de Trump

Haddad diz que nova taxação de Trump seria “injustificável” contra o Brasil

Fernando Haddad
Ministro afirma que Brasil é quem teria mais espaço para ampliar o comércio, por conta da vantagem atual dos Estados Unidos. (Foto: divulgação/Ministério da Fazenda)

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O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, classificou como “injustificável” a possibilidade de os Estados Unidos imporem novas tarifas ao Brasil. A medida está em estudo pelo governo de Donald Trump e pode ser anunciada nesta quarta (2), no que ele chama de “dia da libertação”.

“Qualquer retaliação ao Brasil vai soar injustificável à luz dos dados e à luz das décadas de parceria entre Estados Unidos e Brasil”, afirmou Haddad durante uma conferência sobre economia e clima na França nesta segunda (31).

O ministro apontou que a economia brasileira está preparada para enfrentar uma eventual guerra comercial “apesar da vantagem dos Estados Unidos em relação ao Brasil”. “Nós que teríamos mais espaço para crescer no comércio com eles”, completou.

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Um pouco antes, durante o debate, Haddad alertou sobre o risco de o Brasil e o Mercosul se tornarem “satélites” de alguma potência global em meio a uma guerra fiscal mundial. Para ele, o país “teria muita dificuldade” em escolher se aliar mais a um lado ou a outro, "de quem quer que seja, da Europa, da China ou dos Estados Unidos".

“Não faria o menor sentido para o Brasil e para o Mercosul uma opção como essa. E o meu medo é que a dinâmica internacional da geopolítica force essa situação. Como se você tivesse que escolher um entre dois lados”, pontuou.

Haddad também aproveitou para pressionar a França a apoiar o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, que chegou a ser assinado no ano passado, mas que precisa passar por instâncias europeias para entrar em vigor.

A parceria entre os dois blocos comerciais ainda enfrenta resistência do governo francês, que teme prejuízos à agropecuária local e foi alvo de pesados protestos no ano passado.

“A Europa deveria ter um olhar político sobre esse acordo também, e não apenas ficar discutindo item por item onde você vai ganhar, onde vai perder, se vai perder no açúcar, se vai ganhar na carne. [...] O Mercosul também, se fizer a conta mais mesquinha, vai encontrar uma série de razões para não fazer”, afirmou.

As declarações de Haddad ocorrem às vésperas do esperado anúncio de tarifas recíprocas por Trump que podem atingir “todos os parceiros comerciais” do país.

Inicialmente, esperava-se que a medida fosse direcionada aos países com maiores déficits comerciais com os norte-americanos, grupo apelidado de “os 15 sujos” pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent. No entanto, Trump afirmou que a decisão pode afetar “10 ou 15” países, sem um limite definido.

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O mercado global tem reagido com preocupação a essa possibilidade, temendo impactos negativos na economia mundial. O principal receio é um aumento na inflação de diversos produtos e distorções nas cadeias de suprimentos internacionais, especialmente se países atingidos retaliam com medidas similares.

Desde o início do mandato, Trump já impôs tarifas de 20% sobre produtos chineses, além de taxas de 25% sobre aço e alumínio, incluindo os importados do Brasil.

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