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Hidrelétricas “made in Curitiba”

A empresa de engenharia Intertechne ajudou a projetar usinas que respondem por mais de 80% da potência que o setor elétrico está instalando no país

"Nossa atuação mais intensa é como contratada de grupos privados, estudando alternativas e soluções de engenharia para os projetos apresentados pela EPE [Empresa de Pesquisa Energética]." Antonio Fernando Krempel, diretor-presidente da Intertechne | Priscila Forone/Gazeta do Povo
"Nossa atuação mais intensa é como contratada de grupos privados, estudando alternativas e soluções de engenharia para os projetos apresentados pela EPE [Empresa de Pesquisa Energética]." Antonio Fernando Krempel, diretor-presidente da Intertechne (Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo)

A maior parte da expansão do setor elétrico brasileiro nos próximos anos se dará bem longe dos rios do Paraná, mas não das pranchetas de engenheiros paranaenses. Das 31 hidrelétricas em fase de implantação no país, oito têm participação do escritório de engenharia Intertechne Consultores S.A., de Curitiba. Se considerada a potência total desses projetos, pode-se dizer que pouco mais de 80% da oferta de eletricidade a ser instalada no Brasil nos próximos anos começou a "nascer" nas salas da Intertechne, que ocupa nove andares de um prédio comercial da Avenida João Gualberto, no Alto da Glória.

No momento, a empresa está envolvida em mais de uma dúzia de projetos. O principal deles é também o maior desafio da engenharia brasileira nos últimos tempos: a usina de Belo Monte, que será erguida no Rio Xingu, no Pará. Com potência máxima de 11.233 megawatts (MW), a hidrelétrica será a terceira maior do planeta e responde, sozinha, por 43% dos 26.212 mil MW em instalação nos rios brasileiros. A Intertechne estudou o projeto por quase uma década, contratada pela Andrade Gu­­tier­­rez. Embora a empreiteira tenha perdido a disputa pela concessão, a empresa paranaense acabou sendo convidada pelo vencedor do leilão – o consórcio Norte Energia – para liderar o grupo de projetistas da usina, formado por outros dois escritórios.

De uma ou outra forma, a Intertechne está presente nas cinco principais usinas em construção ou prestes a serem erguidas no país. Ela é a projetista-líder de Belo Monte, Teles Pires (1.820 MW, na divisa entre Mato Grosso e Pará) e Estreito (1.087 MW, entre Tocan­tins e Maranhão). No Rio Madeira, em Rondônia, a empresa faz parte do consórcio de projetistas de Santo Antônio (3.150 MW) e atua no gerenciamento de obras de reservatório em Jirau (3,3 mil MW). Além disso, trabalha nos projetos de Mauá (361 MW), no Paraná; Garibaldi (178 MW), em Santa Catarina; e São Domingos (48 MW), em Mato Grosso do Sul.

"Nossa atuação mais intensa é como contratada de grupos privados, estudando alternativas e soluções de engenharia para os projetos apresentados pela EPE [Empresa de Pesquisa Energética, do governo federal, responsável pelo planejamento do setor]", explica Antonio Fernando Krempel, diretor-presidente da Intertechne. "A EPE normalmente indica a potência que determinado aproveitamento hidrelétrico deve ter, as vazões do rio, a altura do reservatório. É a partir daí que trabalhamos. Assim como um prédio de 5 mil metros quadrados pode ser feito das mais diversas maneiras, uma hidrelétrica de 3 mil megawatts também", exemplifica.

Desafios

A Intertechne foi fundada em 1987 por engenheiros que já tinham larga experiência com hidrelétricas, entre eles Brasil Pinheiro Machado, Heino Uwe Schmider e Kamal Foud Sobhy Kamel, que hoje ocupam o conselho de administração. Já nos primeiros anos, se ocupou das duas últimas grandes usinas construídas no Rio Iguaçu, Segredo (1.260 MW) e Salto Caxias (1.240 MW). Entre 2001 e 2010, 15% da energia adicionada ao sistema por novas hidrelétricas "passou" pela Intertechne.

Mas, segundo Krempel, o momento atual é o mais prolífico desde a fundação, muito em razão das várias usinas licitadas pelo governo nos últimos anos. É também o momento mais desafiador, por causa de Belo Monte e seu ca­­nal de 20 quilômetros de extensão e até 500 metros de largura.

"O volume escavado será suficiente para encher 24 milhões de caminhões basculantes de 5 metros cúbicos. Quando o canal ficar pronto, a água passará por ele a até 15 mil metros cúbicos por segundo. Isso é dez vezes a vazão média das Cataratas do Iguaçu", explica o engenheiro, que nasceu em Pirassununga (SP) e trabalha no Paraná desde o primeiro emprego. Após passagens por Copel e Com­pa­gas, ele entrou na Intertechne em 2003, para gerenciar um projeto de 750 MW no México, e assumiu a presidência da companhia no ano passado.

Os impactos da crise internacional e da queda do dólar – que afeta cerca de 20% do faturamento da empresa, parcela correspondente aos projetos no exterior – mantiveram o faturamento da Inter­techne praticamente estável nos últimos três anos. Em 2009, a cifra foi de R$ 85 milhões, segundo o balanço mais recente. Para 2011, no entanto, a projeção é de um crescimento superior a 20%.

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