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Hora de fisgar novos clientes

Surgidos como atividade econômica nos anos 90, pesque-pagues oferecem, além do peixe, atividades recreativas para a família do pescador

O aposentado Luiz Gonzaga Kubaski, pescador desde criança, com uma tilápia na linha: o rio exige mais concentração, no pesque-pague é mais fácil | Josue Teixeira/Gazeta do Povo
O aposentado Luiz Gonzaga Kubaski, pescador desde criança, com uma tilápia na linha: o rio exige mais concentração, no pesque-pague é mais fácil (Foto: Josue Teixeira/Gazeta do Povo)

Está aberta a temporada da pesca nos pesque-pagues. Os meses frios, que afastam os peixes da superfície, dão lugar aos dias quentes que lotam os 617 pesqueiros distribuídos no Paraná, segundo número do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Ex­tensão Rural (Emater). Esse tipo de negócio surgiu no início dos anos 90 e passou de uma opção de pesca tranquila para o pescador amador para um ponto de encontro entre amigos e lazer para toda a família.

A maioria dos pesque-pagues do estado começa a abrir no final deste mês e funciona até meados de maio. No inverno os peixes ficam no fundo dos tanques e se alimentam menos. Alguns pesqueiros se mantêm abertos para atender aos pescadores mais otimistas. "Mas é difícil aparecer peixe em dia frio", comenta o dono do pesque-pague Pinheirinho, na BR-376, em Ponta Grossa, José Newton de Almeida, que trabalha no ramo há 14 anos.

Os tanques de peixe também ajudam a amenizar a temperatura e, junto com a arborização, dão uma sensação de frescor ao pescador, que vê no pesqueiro uma alternativa para fugir da agitação urbana. "Com o tempo quente eu recebo umas mil e quinhentas pessoas por dia", acrescenta o proprietário do pesqueiro Família Lima, José Lima, em Umuarama. O pesque-pague de Lima é um dos pioneiros do interior e tem 18 anos. "A partir de outubro, eu começo a abrir o pesqueiro todos os dias da semana", conta Lima. Para isso ele reforça a equipe de funcionários. "No verão, eu trabalho com 60 funcionários", acrescenta.

Acessórios de pesca

Os pesque-pagues tradicionais, que contam somente com os tanques e uma lanchonete para servir os filés de peixes fritos, não cobram ingresso. Eles ainda fornecem a isca, que é uma ração cozida com água, e os apetrechos de pesca, como a vara, o samburá (cesto para guardar os peixes) e o passaguá (peneira para tirar da água o peixe preso com anzol).

"O pescador só precisa tra­zer o dinheiro", brinca Almeida. A tilápia, que é a vedete dos pesque-pague, custa em média R$ 8,50 o quilo. Quem quer levar o peixe limpo para casa paga mais R$ 1 ou R$ 2 por quilo pelo abatimento e limpeza. Para fazer jus ao nome, os pesque-pague não permitem soltar o pescado na água. Quem for flagrado pode até pagar multa.

O aposentado Luiz Gon­zaga Kubaski tem 76 anos e desde menino é pescador nos rios de Ponta Grossa e no mar do litoral paranaense. A experiência o favorece e a cada vez que lança a linha na água uma tilápia aparece para morder a isca. "Não é difícil. O rio exige mais concentração. No pesque-pague tem muito peixe, não precisa nem esperar", orienta. Almeida concorda. "O peixe te ensina a pescar, qualquer um consegue", diz.

Passeios a cavalo, churrasqueira, piscina...

No surgimento dos primeiros pesqueiros havia apenas os tanques. Depois, os empreendedores abriram lanchonetes e restaurantes. Hoje, as propriedades oferecem piscinas, trilhas e cavalgadas. "No começo, a meta era atender ao pescador, hoje é atender à família do pescador", conta o coordenador estadual de Aquicultura e Pesca no Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Ex­tensão Rural (Emater), Luiz Danilo Muehlmann.

Na chácara de Sérgio So­zim, em Ponta Grossa, há quatro tanques de peixes, restaurante e um parreiral para quem deseja saborear as uvas da estação no período da safra, que vai de dezembro a fevereiro. No sítio São João, também em Ponta Grossa, os tanques ficam próximos do parque aquático. Em Curitiba, na BR-116, o pesqueiro Fazenda Iguaçu tem piscinas, churrasqueiras e tanque de pesca esportiva. "Aqui tem opção para a criança até a pessoa de idade", conta a funcionária Juliana Brugmann. No pesque-pague Wandscheer, aberto há 16 anos em Foz do Iguaçu, há piscina, churrasqueira, área de camping e horta orgânica para fornecer produtos para o restaurante.

Em Umuarama, o pesqueiro da Família Lima tem piscina infantil e cavalgada. "Pretendo fazer uma piscina para adulto e montar uma área de camping futuramente", conta o proprietário, José Lima. Não tão comum no Paraná é a oferta de passeios educativos. "Existem pesqueiros para estudantes onde se tem aulas práticas, como no dia da árvore e no dia do índio", acrescenta Muehlmann.

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