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Saúde

Hospital fica com cara de hotel

Atendimento médico ganha conforto, tratamento de primeira classe e cardápio de restaurante de luxo. Tudo para cair no gosto de quem nem sempre se hospeda de boa vontade

Alexandre Franco, do Santa Cruz: o objetivo é fidelizar os clientes. | Marcelo Elia/Gazeta do Povo
Alexandre Franco, do Santa Cruz: o objetivo é fidelizar os clientes. (Foto: Marcelo Elia/Gazeta do Povo)

Enxoval novinho e limpinho, poltronas confortáveis, apresentações culturais, serviço de cabeleireiro e manicure e, de quebra, cardápio assinado por um chef de renome nacional. Não são apenas turistas em hotéis chiques que podem desfrutar desses confortos. Pacientes e seus acompanhantes é que estão encontrando, dentro de hospitais, infra-estrutura e serviços de hotelaria. Os investimentos nessa área, antes restritos a poucas instituições privadas, começam a surgir também em hospitais públicos. Luxo e conforto, além de agradar ao paciente e humanizar o tratamento, também significam lucro maior para a atividade.

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Hotelaria Hospitalar (SBHH), dos 7,5 mil hospitais que existem em todo o Brasil, apenas 200 se encaixam nesta categoria. "Mas o crescimento tem sido exponencial. Há dez anos, se contavam nos dedos quais eram as instituições. Hoje, até mesmo hospitais de cidades do interior oferecem serviços melhores do que muitos hotéis", diz o presidente da entidade, Marcelo Boeger. Pela movimentação no setor, aquela coisa de hospital caindo aos pedaços, com equipamento velho e lençol quase transparente de tão gasto, está com os dias contados. Afinal, qualquer entidade gostaria de ter um aumento de 15% a 20% no fluxo de pacientes – índice que vem sendo obtido quando se adota uma boa gestão hoteleira, segundo Boeger.

Implantar uma gestão hoteleira em um hospital não é simples. Não basta colocar lençóis e móveis novos; é preciso ter uma equipe e orçamentos compatíveis. O pacote completo, aos poucos, vem sendo adotado. "Anos atrás, achava-se que só hospital que atendia cliente com alto poder aquisitivo poderia implantar uma boa gestão de hotelaria. Mas hoje temos até instituições municipais e estaduais que adotaram a idéia", afirma Boeger. Segundo ele, as práticas utilizadas contribuem para melhorar o atendimento, tornando-o mais ágil e mais eficaz. "Os enfermeiros, quando não precisam se preocupar com o controle remoto da tevê ou em trocar lençóis sujos, conseguem trabalhar melhor." Muitos hospitais conseguem diminuir o índice de quedas do leito e de infecção urinária, pois a equipe de enfermagem consegue trabalhar com mais agilidade, diz ele.

Mimos

"Ninguém vem ao hospital satisfeito. O paciente e os acompanhantes chegam ansiosos. É nossa obrigação humanizar o atendimento, e por isso tentamos descaracterizar o ambiente hospitalar", afirma Claudio Enrique Lubascher, diretor do Hospital Universitário Cajuru (HUC). A instituição acaba de inaugurar uma nova ala, com mobiliário moderno e decoração similar à de um hotel, com investimentos de R$ 130 mil. Na Santa Casa também foram feitas melhorias semelhantes, pelo valor de R$ 260 mil. Os recursos são do grupo hospitalar Aliança Saúde PUCPR-Santa Casa.

Não é apenas quem paga um plano particular que pode tirar proveito dos mimos desses hospitais. Todos os pacientes, mesmo os internados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), têm a oportunidade de saborear uma refeição especial, planejada pelo renomado chef Celso Freire, do restaurante Boulevard. Desde o início deste ano ele é consultor do projeto de Hotelaria em Nutrição dos Hospitais, uma iniciativa da Associação Paranaense de Cultura (APC), mantenedora da Aliança Saúde PUCPR-Santa Casa. Conforme a dieta do paciente, ele pode escolher até 16 diferentes combinações entre carnes, guarnições e sobremesas. O capricho da comida precisa ser aplicado em escala industrial: a Santa Casa de Curitiba serve aproximadamente mil refeições por dia e o HUC, cerca de 1,3 mil.

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