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A exposição dos bancos privados brasileiros ao problemático grupo de empresas do bilionário Eike Batista será limitada pelas elevadas provisões das instituições financeiras, e as potenciais perdas poderão, no máximo, ter algum efeito negativo por um trimestre ou dois.

A deterioração das companhias "X" não deve demandar maiores provisões dos bancos no resultado do segundo trimestre --talvez apenas no terceiro trimestre--, e as instituições financeiras tampouco devem precisar levantar capital por causa desses eventos, segundo analistas.

"Continuamos cautelosos em relação aos bancos brasileiros devido a preocupações com crescimento e inflação, e não devido à exposição ao grupo X", informou o UBS, em relatório.

O total de empréstimos de todas as empresas de Eike com bancos não é claro. O mercado tem especulado que a exposição seria de 5 bilhões de reais para Bradesco e Itaú, respectivamente, mas o UBS acredita que esse montante é muito elevado e pode não corresponder à realidade.

De acordo com dados públicos e oficiais, os bancos expostos são Bradesco e Itaú, com 1 bilhão de reais cada, e Santander Brasil, com 250 milhões de reais. Essas cifras, porém, não consideram a holding EBX nem outros instrumentos de dívida, como bônus e debêntures, disse o UBS.

Na quinta-feira, uma fonte próxima à EBX informou à Reuters que a dívida da holding combinada com Itaú e Bradesco totaliza cerca de 1 bilhão de dólares. O débito deverá ser quitado após a alienação da fatia minoritária de Eike na MPX e de sua participação na MMX.

Outro fator que atenua as preocupações sobre o grupo X são as garantias dos empréstimos, que incluem dinheiro e ações. "Mesmo com a queda das ações, os bancos poderiam executar outras garantias", afirmaram os analistas do UBS liderados por Philip Finch.

Segundo o relatório do UBS, os bancos poderiam ainda usar suas provisões adicionais para absorver eventuais perdas e limitar o impacto sobre o lucro líquido.

Conforme o UBS, o Bradesco tem cerca de 4 bilhões de reais de provisões excedentes, enquanto o Itaú tem 5 bilhões de reais e o Santander Brasil, 700 milhões de reais.

Para o analista Luis Santacreu, da Austin Rating, os problemas financeiros das empresas de Eike estão "longe" de afetar os bancos de forma expressiva. "A dívida não está concentrada em um só banco, e o devedor não é nenhum gigante do porte de uma Vale ou Petrobras."

As elevadas provisões dos bancos privados brasileiros também foi citada por Santacreu como um atenuante do efeito "X" sobre os resultados. "Não é algo que saltará aos olhos", avalia o analista.

BRADESCO SERIA MAIS AFETADO

Entre os grandes bancos de capital aberto, o Bradesco é o mais exposto às empresas de Eike, com maior potencial de impacto nos resultados, segundo o UBS.

No pior cenário, uma dívida de 5 bilhões de reais das empresas de Eike representaria 1,7 por cento da carteira de empréstimos do Bradesco. Para 2013, o UBS estima que o Bradesco tenha provisões totais de 12,8 bilhões de reais e lucro recorrente de 12,4 bilhões de reais. Em caso de um calote pelas empresas "X", as provisões saltariam e o lucro em 2013 seria reduzido entre 8 e 40 por cento.

O Itaú tem uma exposição menor às empresas "X", segundo o relatório do banco suíço. No pior cenário, uma dívida de 5 bilhões de reais seria equivalente a 1,3 por cento da carteira de crédito da instituição. No caso de um default das companhias de Eike, o lucro líquido neste ano seria de 7 a 34 por cento menor.

Outra vantagem do Itaú é que o banco teria melhores garantias que o Bradesco para os empréstimos concedidos às companhias de Eike, segundo o UBS.

BANCOS PÚBLICOS

Enquanto os bancos privados são vistos como pouco afetados pela crise da EBX, os públicos devem ter maiores impactos. Na segunda-feira, o Bank of America Merrill Lynch informou em relatório que os estatais Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) têm a maior exposição ao grupo.

Os analistas do BofA disseram que o BNDES tinha de longe a maior exposição à dívida do EBX no fim de março --um total de 4,9 bilhões de reais, representando 5,8 por cento do capital exigido do banco. O BNDES é a principal fonte de recursos de longo prazo para empresas brasileiras.

Na quarta-feira, o BNDES informou que o valor total das operações contratadas com empresas de Eike é de 10,4 bilhões de reais, mas que nem tudo foi desembolsado.

Para o analista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, o BNDES poderia assumir a figura de condutor das negociações entre a EBX e os bancos. "Por ser o maior credor, o banco poderá coordenar tudo, buscar investidores interessados e fazer o arranjo financeiro", afirmou.

A exposição da Caixa às dívidas das empresas de Eike era de 1,4 bilhão de reais, ou 3,4 por cento do capital exigido do banco, principalmente ao estaleiro OSX, estimou o BofA Merrill Lynch.

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