O encontro entre os presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama que ocorre entre 9 e 11 de abril, nos EUA, deve trazer à tona a aliança estratégica estabelecida cinco anos antes pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush para a produção de etanol. Àquela época, o governo brasileiro lutava para conquistar o mercado norte-americano. Hoje, é o etanol dos EUA que entra no país para compensar a baixa produtividade da safra brasileira, fruto de intempéries e da descontinuidade de investimentos.
Um estudo do professor Marcos Fava Neves, da FEA/USP de Ribeirão Preto (SP), mostra que o país precisaria construir ao menos 120 usinas, com investimentos de US$ 95 bilhões, para atender à demanda do mercado interno até 2020.
O Brasil começou o ano com um déficit na balança comercial do etanol. Entre janeiro e fevereiro, importou 277,6 mil litros e exportou 170,1 mil litros do combustível. Isso ocorreu justamente nos primeiros meses em que o comércio entre os dois países ficou livre da barreira ao etanol brasileiro nos Estados Unidos, que vigorou por 30 anos. O déficit deve ser um dos assuntos tratados por Dilma no encontro com Obama.
"O etanol deve ser tratado dentro da política de combustíveis renováveis dos países. O Brasil está pronto para discutir a questão do etanol como commodity, e uma das prioridades é o déficit entre os países", diz Celia Feldpausch, diretora-executiva do Brazil Industries Coalition (BIC), entidade que representa os interesses do setor privado brasileiro no Congresso americano.
No ano passado foram os norte-americanos que venderam 1,1 bilhão de litros do combustível para o Brasil, uma situação impensável à época do encontro entre Lula e Bush. "Seria melhor que a presidente Dilma nem tocasse no assunto do etanol, para não passar vergonha", diz Neves.



